OCUPANDO O LATIFÚNDIO ELETROMAGNÉTICO

Archive for maio, 2012

Antônio Carlos Magalhães, então Ministro das Comunicações…

… instituiu, no dia 15 de agosto de 1985, a Portaria nº 223 — que, dentre outras atribuições, determinava (os grifos são nossos):

Considerando, ainda, a crescente ocorrência de fatos e episódios caracterizados como abuso no exercício da liberdade de radiodifusão, bem como procedimentos recentes, infringentes à legislações de telecomunicações, resolve:

I — Determinar ao Departamento Nacional de Telecomunicações — DENTEL redobrada vigilância quanto ao conteúdo da programação de radiodifusão e rigorosa aplicação das disposições da legislação em vigor, relativa ao abuso de liberdade no exercício da radiodifusão e ao desvirtuamento de suas finalidades, especialmente quanto:

a) ofensa à moral familiar e pública e o incitamento à prática do crime ou violência;

b) a prática de calúnia, injúria ou difamação;

c) ao incitamento à desobediência às leis ou decisões judiciais;

d) a colaboração na prática da rebeldia, desordem ou manifestações proibidas.

II — Determinar, também, ao Departamento Nacional de Telecomunicações — DENTEL intensa vigilância e absoluto rigor no combate a serviços de telecomunicações clandestinos, especialmente os de radiodifusão, adotando medidas legais que impeçam a sua continuidade.

(a) Antônio Carlos Magalhães

Em plena e recente vigência da assim chamada “Nova República”, o Ministério das Comunicações — sob a batuta de Antônio Carlos Magalhães, empresário dono de inúmeras concessões de Rádios e TV´s (conquistadas durante a ditadura civil-militar) — tentava controlar e criminalizar o surgimento e expansão das inúmeras rádios livres e televisões livres naquele momento.

Nós, aqui da Rádio Várzea Livre, não cansamos de repetir — em alto som, às vezes ch(x)iado e pelas ondas livres (libertadas!): Quem controla o passado, controla o futuro (George Orwell, no livro 1984).

Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…

Saudações Radiofônicas livres!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do Rio Pinheiros — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!


Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Salve povo,

É com grande satisfação que o Coletivo Osama Bin, festejando — no sentido original da palavra — 10 anos de existência, traz uma nova Semana de Resistência, aliada a uma nova festa e uma forma de expressão importante pras quebradas do Brasil. Sim, resolvemos fazer como uma das atividades comemorativas e de levante de nossa voz, o OSAMA BIN RAP!

Seguimos na mesma pegada do já resistente Osama Bin Reggae — que há quase dez anos vem ocupando de forma popular o espaço cada vez mais restrito da Universidade de São Paulo.

Faremos uma semana de debates pesados e, por fim, sexta-feira confraternizaremos com uma grande festa para as pessoas que curtem ritmo e poesia.

É isso! Avisa a rapa que o RAP tá na USP — mais uma vez, porque na semana passou também rolou um evento na Faculdade de Educação (FE) USP. Só que dessa vez ele tá do jeito que é na quebrada: autogestionado, sem financiamento e sem parcerias com instituições privadas.

Em breve, muito breve, colocaremos aqui os cartazes para uma melhor divulgação (ver aqui e aqui). Por enquanto, fiquem com a programação e divulguem. É só chegar!

Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr

  • 17/05 — “Dos barracos de madeirite, aos palácios de platina” — especulação imobiliária. Com: Coletivo Perifatividade, Pinheirinho, Favela do Moinho, Jean Pires (geógrafo);
  • 18/05 — Festa Osama Bin Rap — “O show deve continuar”. Grupos: Clube do Berro, Familia Gold Black, Odisseia das Flores, Xemalami, JPA Epicentro, Familia Che Rappers e ARTERIMA. A partir das 22:30 Prédio da Geografia e História – USP

Vale lembrar que, durante toda a Semana e no mesmo prédio onde ocorrerão as atividades de debates e festa, irão rolar algumas apresentações de filmes na parte tarde, selecionados pelo Coletivo Cine Aguapé.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal para os guerreiros e as guerreiras da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar a rapa que ta precisando.

Entrada depois das 20:00 somente com carteirinha da USP (de carro). Ônibus: Circulares que saem da estação de metrô Butantã, e aí você pede para descer na FFLCH!

Pra facilitar nossa vida, e para que tudo corra bem, damos um toque de que não aceitaremos nota de R$50,00 e R$100,00.


Novo cartaz da Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”


“O RAP é compromisso”

O RAP que nasceu nos Estados Unidos, sobre forte influencia dos jamaicanos, e desde sempre foi uma musica de protesto e dos que estavam à margem dos marginais, sim porque o negro nas sociedades latino americanas, desde que conseguiu sua liberdade sempre foi marginalizado — logo fazer, ou cantar, RAP era estar à margem dos marginais.

Que ótimo pra nois!

Porque os que estão à margem de um sistema que explora e divide têm mais argumentos e ferramentas para não se alienarem, ou para perceberem que estão sendo explorados e lutarem contra isso. Sim, meu caro, se você ainda não se ligou, o RAP é uma baita ferramenta de luta e organização popular, principalmente periférica, mas que em SP teve seu pontapé no centro da cidade.

Se você acha isso contraditório, é porque não tá ligado de onde vem e pra onde vai quem faz e acontece no RAP, provindos da periferia, ocupam qualquer espaço para resistir, para existir.

Assim, nessa pegada, o RAP vem atuando na sociedade, fortalecendo e mandando vários salves pras quebradas — apesar dos  “RAP’s pra cuzão balançar o rabo” como não faz o Facção. O RAP se mostra, desse modo, como uma arma que pode derrubar um sistema e levantar um povo.

Sim acreditamos, e muitos também, que “O RAP É COMPROMISSO, NÃO É VIAJEM”. E se você também quer conversar um pouco sobre tudo que falamos aqui, venha troca uma ideia com nois sobre isso, vão chegar Drezz – Xemalami, Milton Sales, Guilherme – diretor de “Nos tempos da São Bento“, Walter Garcia e Gaspar do Z’Africa Brasil!

É nessa quarta-feira, dia 16 de maio, às 18h30min no Espaço Aquário da Historia e Geografia USP

16/05 — “Rap é compromisso” — rap e seu papel social. Com: Drezz (Xemalami), Walter Garcia (IEB-USP), Milton Sales, Guilherme (dir: Nos Tempos da São Bento) e Gaspar (Z’africa Brasil).

A Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!


“Periferia segue sangrando” — Até quando?

Em maio de 2006 a “democracia brasileira” retirou o direito de existir de mais de 500 jovens das periferias do Estado de São Paulo, em represália aos atentados do PCC.

Sem se preocupar em investigar os participantes dos atentados, a “Milícia Militar” matou e se orgulha de ter restaurado a ordem ao Estado.

Tolos! Não sabem que a repressão é o combustível dos que lutam!

Nesse período, mulheres fragilizadas, mães que acabavam de perder seus filhos para a democracia, se organizaram para lutar contra esse regime facista que usa da PM, para impor o terror e a violência aos pobres e negros.

Seria impossível falar da juventude pobre e negra, sem contarmos com a presença de alguns dos vários núcleos de resistência e existência organizados da população negra em geral. Não custa lembrar que afirmar sua identidade em meio a um país racista não é, de forma alguma, ser racista — como afirma a falta de argumento de alguns —, mas sim ter consciência da importância desse povo, que apesar de sempre ser deixado de lado na historia oficial, nos alimentou e alimenta ainda hoje de experiências de luta, de resistência, de cultura, de força, de fé e raiz.

Por tudo isso, convidamos a trocar ideia conosco o Núcleo de Consciência Negra, que entre tantas outras formas, tenta combater o extermínio da juventude pobre e negra através da educação.

Com essa mesma intenção de debate, a Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” também contará com a presença das Mães de Maio. Na caminhada e na luta desde 2006, depois de lançar o livro “DO LUTO À LUTA” e de fazer diversas outras ações, a Semana de Resistência Osama Bin Rap tem o ORGULHO de convidar todos que lutam a colarem e fortalecerem a caminhada dessas GUERREIRAS no lançamento de seu novo livro: “Mães de Maio, Mães do Cárcere“‘

Nos parece obvio que estes e todos os movimentos que lutam por um mundo onde caibam muitos mundos são indissociáveis. Por isso fica aqui nossa pergunta e a convocação geral: “periferia segue sangrando”, mães chorando até quando? Vamos falar um pouco mais disso!

14/05 — “Periferia segue sangrando” – segue o extermínio da juventude pobre e negra… Com: Mães de Maio e Núcleo de Consciência Negra. Lançamento do livro: “Mães de Maio, Mães do Cárcere” — Mães de Maio;

A Semana de Resistencia Osama Bin Rap acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!


“Antigamente quilombos, hoje periferia”: sobre o encarceramento em massa…

No dia 2 de outubro de 1992 acontecia na Zona Norte da cidade de São Paulo mais um capitulo da politica genocida e facista do governo do Estado de SP.

Na Penitenciária do Estado, mais conhecida como Carandiru, depois de uma rebelião, foram assassinados 111 detentos oficialmente, todos armados e perigosos para o bem estar da população, ameaçando as vidas das familias de bem que andam no confortavel metro de nossa cidade, ou passam pelas avenidas Cruzeiro do Sul e Zack Narch, com a fuga eminente dos mesmos.

NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

ISSO É O QUE QUEREM QUE VOCÊS ACREDITEM!

Havia muito mais que 111 detentos mortos naquela cena do crime, sim foi um genocídio, na concepção clássica do termo, ao contrario do que foi dito, os detentos não portavam armas e já haviam negociado a rendição, fora isso, a cena do crime foi totalmente modificada, os corpos remexidos e “evidencias” foram plantadas.

E assim se deu  o “Massacre do Carandiru” que há 20 anos vem sendo jogado no esquecimento e para o debaixo do tapete, ou como o governo e a sociedade burguesa querem, vem sendo escondido atras dos muros, que são altos suficientes para não ver nada que acontece do outro lado, o encarceramento é a politica de esquecer e rejeitar os que cometeram alguma falta de acordo com as leis feitas por “eles”.

Dentro de um presidio ninguém se recupera, é óbvio, cadeia não é feita pra isso, é pra esquecer, esconder, renegar, degenar seres humanos que ali entram para nunca mais saírem, pois uma grande mentira que existe é a que o preso recuperado possui lugar na sociedade, como diriam os Racionais MCs “tiram sua liberdade, familia e moral, mesmo longe do sistema carcerário, te chamarão pra sempre de ex-presidiário“.

E não para por ai, a cada ano se investe mais em repressão, agressão e encarceramento!

Pensando nisso tudo e mais um monte, a Semana de Resistencia Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” convida todos os guerreiros e guerreiras que queiram entender e lutar contra um sistema imundo e assassino a trocar uma ideia, numa atividade livre e horizontal.

Nos aprisionavam nos quilombos, mas resistimos, lutamos e vencemos!

Nos aprisionam hoje em muros, ou nas detenções sem muros chamadas de periferia, mas resistimos e venceremos!

Juntamente com a Rede 2 de Outubro, a Rede de Comunidades Extremo Sul e Karina Biondi, no dia 15 de maio, a partir das 18:30.

15/05 — 18:30 – “Antigamente quilombos, hoje periferia” — sobre o encarceramento em massa. Com: Rede 2 de outubro, Rede Extremo Sul, Karina Biondi. 

Também será apresentado o vídeo-manifesto da Rede 2 de Outubro.

A Semana de Resistencia Osama Bin Rap acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!

 


Rádios Livres Brasil — Breve História (1ª parte)

Nesses tempos de preparação para a Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” — uma semana de debates pesados e sensacionais, que se encerrará na sexta-feira (dia 18 de maio) com uma grande festa para as pessoas que curtem ritmo e poesia —, pensamos aqui que seria importante também divulgar uma breve visão histórica, escrita por Rodney Brocanelli,  sobre a atuação das rádios livres no Brasil. Essa é a primeira parte deste artigo, que publicaremos aos poucos nos próximos dias e semanas.

Nunca é demais lembrar que, como já dissemos aqui sobre a história das rádios livres europeias, uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, uma parte dessa tarefa coletiva.

Fica aqui um lembrete (AVISO IMPORTANTE!), que tem tudo a ver com esse nossa luta autogestionada, sem financiamento e sem parcerias com instituições privadas: Durante todos os dias da Semana do Osama Bin Rap estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal para os guerreiros e as guerreiras da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar a rapa que ta precisando.

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INTRODUÇÃO

O texto a seguir não tem a pretensão de contar a história completa da radiodifusão livre no Brasil. Ele foi escrito em 1998, para um trabalho de faculdade. Além do mais, é analitico em demasia. Porém, sua publicação pode servir para ser um ponto de partida a eventuais pesquisadores que desejam saber mais sobre o tema. Volta e meia recebo mails de estudantes de Comunicação Social solicitando informações a respeito do tema. Não há grande bibliografia disponível e a obra da qual usei grande parte das informações, “Rádios Livres, O Outro Lado da Voz do Brasil” sequer foi lançado em livro por razões que desconheço, além de estar desatualizada.

Um mérito desse texto, ao meu ver, é contar, ainda que de passagem, um pouco da história da Rádio Onze, emissora da qual fiz parte entre 1995 e 1997.

Como já disse, esse texto é de 1998, pretendo em breve retomá-lo do ponto de onde parei e contar o que aconteceu de lá para cá. Críticas e sugestões são muito bem-vindas. Boa leitura. (Rodney Brocanelli, inverno de 2001)

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