OCUPANDO O LATIFÚNDIO ELETROMAGNÉTICO

Archive for julho, 2012

Radio Victoria, comprometida com as lutas, conquistas, tristezas e alegrias em El Salvador

Republicamos, aqui no site da Rádio Várzea Livre, uma interessante e excelente tradução realizada pelo Coletivo  Passa Palavra. Vale, e muito, a pena conhecer essa importante experiência de luta e organização.

Fica, então, essa dica de leitura!

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http://passapalavra.info/?p=61603

Radio Victoria, comprometida com as lutas, conquistas, tristezas e alegrias em El Salvador

Criada em 1993, a Radio Victoria é um projeto de comunicação para a ação, denúncia e, sobretudo, para a promoção de uma participação social e crítica.  Por Yeny Romero

San Salvador, El Salvador. A Radio Victoria nascia a 15 de Julho de 1993, parte de um processo de democratização que se desenvolvia em San Salvador após a assinatura dos Acordos de Paz de 1992. Este nascimento foi acompanhado pela Associação de Desenvolvimento Económico e Social (ADES), tendo contado com o apoio de Cristina Star, uma jornalista e cineasta norte-americana que, nos anos 80, cobriu o conflito armado salvadorenho.

A rádio iniciou as suas transmissões em Santa Marta, no oeste do país, comunidade emblemática pela sua experiência ao longo da guerra civil e, na atualidade, pela sua constante luta. Teria sido fundada por três jovens da comunidade, dedicados ao estudo e à ajuda familiar nas suas atividades produtivas. Para além do trabalho no campo, para poderem se alimentar, trabalhavam em prol da democratização da palavra, algo que, naqueles anos, constituía uma tarefa urgente.

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Rádio Alice Através do Espelho (1ª parte)

Publicamos a primeira parte de um artigo interessante (e, em muitos pontos, polêmico) que relata a importante experiência de luta e organização da Rádio Alice (Bolonha, Itália, anos 1970). O responsável por esse escrito é o Mauro Sá Rego Costa, professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e ativista da Rádio Kaxinawá.  Essa é a primeira parte deste artigo, que publicaremos aos poucos nos próximos dias e semanas. Podemos não concordar com tudo o que dito pelo autor, mas vale como momento de reflexão coletiva.

Relembrando o que já havíamos escrito aqui em outra ocasião, a partir dos anos de 1970, período de forte movimentação política e social autônoma, inúmeros coletivos começam a desenvolver atividades que questionavam o modelo atual de comunicação que a grande imprensa ofertava. Grande parte das reportagens produzidas pelos grandes jornais e Tvs tinham como intenção clara apenas criminalizar e deslegitimar os movimentos sociais e pessoas que estavam combatendo de forma autônoma, desde o final dos anos 1960, o capitalismo em várias cidades europeias. As rádios livres (tendo com precursora, justamente, a Rádio Alice) participam desse turbilhão de debates e ações coletivas – e é justamente isso que retrata o texto a seguir.

E, por fim e também retomando uma ideia que perpassa todas as nossas atividades, nunca é demais lembrar de que uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo – como são as rádios livres – passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, mais um passo dessa importante tarefa coletiva.

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Rádio Alice Através do Espelho

Gilles Deleuze. Política e Poética Estóicas na Teoria do Rádio. [1]

Mauro Sá Rego Costa [2]

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ –

Rádio Alice transmite: musica, noticias, jardins floridos, conversa fiada,  invenções, receitas, horóscopos, filtros mágicos, amores, boletins de guerra, fotografias, mensagens, massagens, mentiras… (uma chamada da Rádio Alice)

Rádio Alice é uma experiência paradigmática de comunicação no contexto de um  modelo sócio-existencial-político-econômico que se materializava como projeto  nos anos 70 na Itália. Bologna em 74-77, tempo de gestação e vida de Alice, pode ser comparada à Paris de 68: um imenso laboratório ético-político construindo as bases para um mundo que virá. Sua gestação foi também movida pela publicação do primeiro dos grandes tratados políticos desse mundo que virá: Lógica do Sentido [3], de Gilles Deleuze, um livro sobre Alice.

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