OCUPANDO O LATIFÚNDIO ELETROMAGNÉTICO

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Rádios Livres Brasil — Breve História (1ª parte)

Nesses tempos de preparação para a Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” — uma semana de debates pesados e sensacionais, que se encerrará na sexta-feira (dia 18 de maio) com uma grande festa para as pessoas que curtem ritmo e poesia —, pensamos aqui que seria importante também divulgar uma breve visão histórica, escrita por Rodney Brocanelli,  sobre a atuação das rádios livres no Brasil. Essa é a primeira parte deste artigo, que publicaremos aos poucos nos próximos dias e semanas.

Nunca é demais lembrar que, como já dissemos aqui sobre a história das rádios livres europeias, uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, uma parte dessa tarefa coletiva.

Fica aqui um lembrete (AVISO IMPORTANTE!), que tem tudo a ver com esse nossa luta autogestionada, sem financiamento e sem parcerias com instituições privadas: Durante todos os dias da Semana do Osama Bin Rap estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal para os guerreiros e as guerreiras da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar a rapa que ta precisando.

***

INTRODUÇÃO

O texto a seguir não tem a pretensão de contar a história completa da radiodifusão livre no Brasil. Ele foi escrito em 1998, para um trabalho de faculdade. Além do mais, é analitico em demasia. Porém, sua publicação pode servir para ser um ponto de partida a eventuais pesquisadores que desejam saber mais sobre o tema. Volta e meia recebo mails de estudantes de Comunicação Social solicitando informações a respeito do tema. Não há grande bibliografia disponível e a obra da qual usei grande parte das informações, “Rádios Livres, O Outro Lado da Voz do Brasil” sequer foi lançado em livro por razões que desconheço, além de estar desatualizada.

Um mérito desse texto, ao meu ver, é contar, ainda que de passagem, um pouco da história da Rádio Onze, emissora da qual fiz parte entre 1995 e 1997.

Como já disse, esse texto é de 1998, pretendo em breve retomá-lo do ponto de onde parei e contar o que aconteceu de lá para cá. Críticas e sugestões são muito bem-vindas. Boa leitura. (Rodney Brocanelli, inverno de 2001)

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Outro 1º Cartaz [de muitos!] da Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Clique no cartaz para aumentar a imagem e facilitar a leitura! Confira aqui o primeiro cartaz e aqui a programação da Semana.


1º Cartaz [de muitos!] da Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Clique no cartaz para aumentar a imagem e facilitar a leitura!


OSAMA BIN RAP — cartaz altenativo

Para baixar a imagem em uma resolução melhor, clique aqui


20 anos de Massacre do Carandiru, ou O massacre que ainda não terminou.

Olá a tod@s que acompanham o blog da Várzea, ou o visitam periodicamente

O coletivo Radio Várzea acreditamos que o fazer rádio não se resume a transmitir, receber e subverter informações somente.

Acreditamos que o fazer radio vai muito além disso, fazer radio livre é expandir a discussão sobre a comunicação, é se juntar a outros coletivos que lutam, independente do campo da luta, porque é disso que a gente gosta, lutar sempre e com quem for aliado lutar mais ainda.

Tudo isso pra falar que nós — Rádio Várzea Livre — participamos do coletivo Rede 2 de Outubro que vem abordando a questão do  encarceramento em massa e do extermínio da juventude pobre e negra, e tem como ponto de partida os homicídios cometidos no massacre do carandiru pelo Governo do Estado de São Paulo, através de  seu braço armado a Policia Militar.

Juntos — Rede Dois de OutubroMovimento Mães de Maio, Rede de Comunidades Extremo Sul, Pastoral Carcerária e Instituto Práxis e Emerson Alcalde na narração — fizemos esse vídeo que segue abaixo para denunciar e mostrar que existem pessoas se mexendo e se mexendo muito.

Saudações Livres

Sintonizem 107,1 FM

Radio Várzea Livre 107,1 Fm


[RZO e Várzea] Bom som periferia… É pelo sistema que trabalham as grandes rádios!

Deixamos vocês aí com o som “O Rádio“, um rap muito bom do RZO (ou Rapaziada da Zona Oeste) e sua família. Como quem tá ligado já sabe faz tempo, o RZO, desde os anos de 1980 — quando surgiram em Pirituba, zona oeste de São Paulo —, vem mandando seu recado e fazendo acontecer.

Essa música, que vale conferir a letra que segue logo abaixo, é de uma atualidade inquestionável — e tem tudo a ver com nossa luta pelas ondas sonoras livres…

Fica aqui o salve da Rádio Várzea Livre ao RZO! Tamojunto!

***

[accessibleyoutube id=”PLGxX3pPPX0″ width=480 height=320]

O Rádio

Mudar de radio, eu ja não aguento mais
Ouvir tanta merda
Poucas opções o fm ja não presta
Um veículo poderoso e importante
É ignorante, sempre quer mais bastante
Aonde só tem oportunistas, só imcopetente
Atrasam nossa, gente mente duente
Me compreende, me entende
Querem foder nossa mente
Eu to legal (senti), eu vou seguir em frente
É coisa do sistema demora pra agradar
Faz de tudo pra dominar,
Mais aqui não rola mais…
Ja deu de mais to legal, eu quero é mais
Eu quero som da periferia (som da periferia)
E agora me diga quem toma bica…
Quem fica rodando a pipa
E agora me diga quem fica com a grana
Quem fica ???
E você aí parado escutando e chega
A conclusão que não tem nada a
Ver com o seu cotidiano…

Bom som periferia
(mudar de radio já estamos enjuados…)
Bom som periferia
(som da periferia é lógico…)
Bom som periferia
(mudar de radio já estamos enjuados…)
Bom som periferia
(som da periferia é lógico…)

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É melhor não sorrir para quem te vigia…

 

Material produzido e distribuído livremente por Iconoclasistas



FESTA DA GRADE — dia 30 de março, sexta-feira, a partir das 22 horas…

Para marcar de forma PESADA a volta das transmissões da Rádio Várzea Livre 107,1 FM em 2012, realizaremos na sexta-feira, dia 30 de março, uma festa! A partir das 22 horas estaremos presentes no Prédio da História e Geografia da FFLCH—USP para fazer acontecer esse dia bem especial.

Muitos foram os boicotes e as sabotagens que sofremos nesses últimos meses — mas, mesmo assim, estamos de pé.

Rádio Livre Alice (lá da Itália, que funcionou durante a década de 1970 — uma dessas primeiras experiências sonoras livres que se tem notícia), sempre nos ensinou que “a prática da felicidade torna-se subversiva quando ela é coletiva”. Sendo assim, convidamos vocês para estarem presentes nessa festa – sejam bem-vindos!

E como vem se repetindo nos últimos anos — mantendo a tradição de nossa família sem propriedade —, a FESTA DA GRADE vai ser o espaço onde serão apresentados os novos (e velhos) programas e sons que serão propagados pelo ar da Várzea do Pinheiros neste ano 2012. Essa é a única grade que liberta sua mente e expande sua percepção — além de sabotar o raciocínio daqueles que sempre pensam (e ouvem) o mesmo, o de sempre, sempre igual…

O que vai rolar:

— Discotecagem dos Programadores da Várzea

— Cerveja

— Destilados

Vários programas da Rádio Várzea já confirmaram sua presença na discotecagem da FESTA DA GRADE:

— Chico Buarque é o caralho
— Suely em Chamas
— Aleatórias
— Pograma
— Pulo da Pantera
— Escalafobético
— Yas Haind…
— Várzea Sertanojo
— Maldito Sudaca
— Mandeila

A festa é de graça. É só colar, conversar, compartilhar e dançar…

Não tememos a ADM FFLCH, a Reitoria, a PF, a PM, a ANATEL…

Pode vim gambé, paga pau!

SEM POLÍCIA, SEM MALÍCIA…

Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…

Saudações Radiofônicas livres!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do Rio Pinheiros — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!

http://varzea.radiolivre.org/

www.radiolivre.org

FORA POLÍCIA DO MUNDO!


SABOTAGEM: A guerra não vai acabar!

Segue comunicado feito pelo coletivo Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros 107,1 fm.

Sabotagem: A guerra não vai acabar.

Salve povo que frequenta a USP!

(Quem dera se o povo realmente frequentasse a USP…)

A sequência dos decretos e ataques impostos pelo Reizinho Rodas a vários setores resistentes da universidade tardou, mas chegou diretamente a um coletivo inteiro.

Respaldada pelo verme Mor, a burocracia verminosa desferiu um golpe que pensava ser fatal no coletivo Rádio Várzea Livre: ROUBOU nossa antena e PICOTOU os cabos que a conectavam ao nosso transmissor. Tudo feito na calada da noite, às escondidas, típica atitude de verme.

Mas nós sabemos quem são – pobres vermes, não sonham que a força de um coletivo não está nas máquinas, ou em suas tecnologias, mas sim nas pessoas que o compõem e o constroem.

Entre tantos golpes e em meio ao clima de intimidação e amedrontamento “legal” que os insetos encasulados da burocracia se profissionalizaram em executar, fica uma certeza em forma de advertência: RÁDIO VÁRZEA LIVRE 107,1 FM NO AR!

E tudo isso justamente no ano em que completamos 10 anos de batalhas diárias, dentro e fora do mundo fictício da academia; 10 anos de dificuldades financeiras e materiais (porque é sempre bom destacar: ninguém ganha dinheiro com porra nenhuma dentro desse coletivo!); 10 anos de parcerias e amizades imprescindíveis para a formação de um entre tantos espíritos coletivos e horizontais importantes para a construção de UM mundo, entre tantos que ainda precisam ser construídos e/ou revelados.

A Rádio Várzea Livre não foi vencida, estamos de pé e resistimos! Tamo aí, na pista, na arena. Pé de breque atrasa lado não vai agüentar, porque além da disposição, nosso combustível é a repressão.

Quando um não quer, vários não brigam. Mas já que vocês estão pedindo… Vamo pro arrebento! Porque 2012 começou pesado e só promete piorar.

SEM POLÍCIA, SEM MALÍCIA…

Saudações Radiofônicas livres!

Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros 107,1 FM.

NOTAS:

**** Desculpem a ênfase  no termo verme e afins, mas é porque tá embaçado de conter a infecção.

**** Motivo do Comunicado:  No segundo semestre do ano de 2011, em meio aos incidentes com a PM (Paus Mandados), a grande imprensa e a reitoria aproveitaram o momento politico para reafirmarem sua perseguição a Rádio Varzea (veja no link). Contudo, todo verme age somente às escondidas; logo a burocracia verminosa (administração central e fefelenta) ROUBOU, sim roubou, pois sem mandado nenhum, retiraram  nossa antena, destruíram o mastro que sustentava a mesma e não contentes picotaram todos os fios que ligavam o transmissor a antena.

Refizemos o mastro, pois como o comunicado diz a repressão é o nosso combustivel. Mas, quando o mesmo ainda estava por terminar, pessoas da Administração Central da FFLCH quebraram novamente nosso mastro, novamente às escondidas.

Com o aumento da repressão vem o aumento da resistência.


Mais uma Rádio Livre no ar, para sabotar os raciocínios dos que pensam sempre o mesmo…

Na semana passada recebemos essa excelente notícia, então vale aqui reproduzir a reportagem publicada originalmente no sítio do Centro de Mídia Independente.

Cabe dizer, antes, que – como o próprio texto abaixo assinala – vocês podem ouvir essa mais nova rádio livre pela internet também. Em 2012, assim pretendemos, a Rádio Várzea Livre também irá retomar suas transmissões pela rede mundial de pessoas e computadores.

Por fim, caros amigos e amigas da Rádio Caruncho, fica um recado aqui da Várzea: nós também, nesse espírito de colaboração e felicidade, estamos com vontade de fazer parte dessa rede com as mais diversas rádios, como vocês bem citam no comunicado que publicamos a seguir. Afinal de contas, como bem disse Felix Guattari em seu já clássico texto sobre a Rádio Livre Alice (lá da Itália), “a prática da felicidade torna-se subversiva quando ela é coletiva”. Sendo assim, tamo junto – e sejam bem-vindos!

***

Cachoeira do Sul, município de cerca de 85 mil habitantes situado na região central do Rio Grande do Sul conquista a sua primeira rádio livre. A Caruncho FM Livre pode ser sintonizada a partir das dez da manhã do dia 26 de novembro no rizoma de rádio livres (radiolivre.org) e pretende levar aos ouvintes uma programação composta basicamente por atrações de cunho cultural e informativos de movimentos sociais, que ainda estão sendo apresentados a ideia.

Com o objetivo de levar informação sem “rabo preso” e sem vínculos com organizações políticas e religiosas, como é comum nos meios de comunicação tradicionais do município, a Caruncho tem na produção voluntárixs que pensam que a informação deve ser democratizada e jamais sofrer censura ou edição tendenciosa, o que também não é raro em Cachoeira do Sul.

A ideia da rádio surgiu com a experiência de alguns voluntários junto a Rádio Tarrafa FM Livre de Florianópolis e ao CMI da capital catarinense. Nesse espírito de colaboração a Caruncho entrará em rede com as rádios Tarrafa, Muda e Antena Negra, em horários variados.

A programação do coletivo de mídia alternativa ainda não está fechada e colaboradorxs estão sendo aceitxs. O contato com a Caruncho pode ser feito pelo e-mail: radiocaruncho@riseup.net

Para ouvir acesse o servidor de streaming do Rizoma de Rádios Livres: http://orelha.radiolivre.org:8000


Rádio Várzea Livre presente no Seminário Espectro, Sociedade e Comunicação — ESC, Campinas-SP.

Entre os dias 1 e 2 de dezembro (quinta e sexta-feira agora!) a UNICAMP sediará o Seminário ESC (Espectro-Sociedade-Comunicação). O grande objetivo desse espaço é promover debates — com a participação ativa de pesquisadores, movimentos, e representantes da área — sobre o espectro eletromagnético. Seus usos, formas de organização e gestão, políticas e disposições jurídicas, além do status quo que o permeia, serão colocados em pauta em rodas de conversa.

Na medida em que técnicas e políticas da comunicação avançam ou retrocedem, o conhecimento e o debate sobre seu status quo, suas disposições jurídicas e suas dinâmicas organizacionais emergem como fundamentais para o avanço de uma sociedade que se quer soberana, autônoma e descolonizada.

Com a intenção de aprofundar tais temas, chamamos um seminário amplo, contando com variadas perspectivas para não somente pensar, mas principalmente propor políticas e estéticas para o gerenciamento do espectro eletromagnético e suas consequências para as comunidades sociais. Bem vindo ao esc 2011.

A organização desse balaio todo (que escreveu esses parágrafos assinalados em itálico) está nas mãos do Pesc (Pensadores do Espectro) e Preac-Unicamp (Pró-reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Campinas). Todas as atividades ocorrerão na Casa do Lago, UNICAMP, com debates às 14h e às 19h.

O evento também será transmitido on-line — essa é uma boa pedida para àqueles que não poderão estar na UNICAMP por esses dias. Maiores informações é só acessar o site do Seminário: http://www.preac.unicamp.br/esc/

Logo depois, no sábado e domingo (03 e 04 de dezembro), a nossa irmã Rádio Muda convida à todos e todas para a programação lado b do ESC. Vale, e muito, a pena comparecer e participar!

Alguns integrantes do Coletivo da Rádio Várzea Livre estarão presentes no Seminário ESC e também no lado b proposto pela Muda. É só colar, conversar, compartilhar, pensar e agir juntos… Tamos aí!


Jornal do Campus REMIX

seguindo a onda do remix,
do faça você mesmo,
do seja a mídia,
do use e abuse,
do occupy todos os cantos,
do rogai por nós ruidores,
aqui está nossa (sub)versão para a matéria publicada pelo Jornal do Campus.

a intervenção foi feita usando somente imagens e textos do próprio jornal.
colagem.
desalinhando o editorial.

fica a dica de um bom exercício para eles adotarem nas próximas edições, quem sabe o jornal fique um pouco mais crítico/interessante.

isso porque eles:
1. não disseram que somos uma RÁDIO LIVRE (mais infos em www.radiolivre.org)
2. não deram a nossa freqüência: 107.1 FM livre
3. não citaram o M.O.L.E (movimento de ocupação do latifúndio eletromagnético)
4. muito menos o D.U.R.O (diálogos urbanos radiofônicos ontolocíclicos)






Breve história das rádios livres européias

Voltamos a publicar aqui em nosso blog, depois de alguns dias de silêncio nesse espaço virtual. Nossas transmissões e atividades continuam firmes e fortes, e o Coletivo da Rádio Várzea Livre está preparando agora suas últimas oficinas e conversas de encerramento desse importante ano que está chegando ao fim. Divulgaremos, em breve, mais notícias e informações sobre esse crepúsculo de 2011.

Nosso papo de hoje é um pouco mais histórico. Publicamos, logo abaixo, uma breve história das rádios livres europeias. A partir dos anos de 1970, período de forte movimentação política e social autônoma, inúmeros coletivos começam a desenvolver atividades que questionavam o modelo atual de comunicação que a grande imprensa ofertava. Grande parte das reportagens produzidas pelos grandes jornais e Tvs tinham como intenção clara apenas criminalizar e deslegitimar os movimentos sociais e pessoas que estavam combatendo de forma autônoma, desde o final dos anos 1960, o capitalismo em várias cidades europeias. As rádios livres participam desse turbilhão de debates e ações coletivas – e é justamente isso que retrata o texto a seguir.

Esse é mais um trecho da Dissertação de Mestrado de Cristiane Dias Andriotti — “O Movimento das Rádio Livres e Comunitárias e a Democratização dos Meios de Comunicação no Brasil” —, apresentada em 2004 ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Outras partes dessa importante pesquisa também serão publicadas futuramente. E, por fim, nunca é demais lembrar de que uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo – como são as rádios livres – passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, uma parte dessa tarefa coletiva.

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Breve história das rádios livres européias.

O fenômeno das rádios livres surge na Europa em meados dos anos 70 antes que os movimentos pela democratização dos meios de comunicação tivessem saído do campo acadêmico. Espalhadas pela França e Itália, as rádios livres eram rádios que desafiavam o monopólio Estatal das comunicações, intervindo no espaço eletromagnético através de transmissões radiofônicas ilegais. Com irreverência e proposta de experimentação das possibilidades da linguagem radiofônica, seus integrantes tinham um posicionamento político em favor das experiências coletivas e da democratização de comunicação de massa. Neste sentido, essas manifestações podem ser vistas como precursoras dos movimentos democratizantes, que tomariam o campo dos meios de comunicação como mais um espaço de batalhas nos anos oitenta.

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A ANATEL e o mito da interferência

Nesses tempos de criminalização das lutas sociais e práticas subversivas — com o Grupo Bandeirantes, a Anatel e a Polícia Federal atacando fortemente as rádios comunitárias e livres (exemplos, só nesse ano: Rádio Várzea Livre, Rádio Pulga/Rio de Janeiro e a Rádio Livre Muda/Campinas) —, nada melhor do que alimentar a mente com leituras que são verdadeiros combustíveis para a nossa ofensiva contra àqueles que não tiram o olho do ouro e da rapadura…

Publicamos, a seguir, um pequeno trecho da Dissertação de Mestrado de Cristiane Dias Andriotti — “O Movimento das Rádio Livres e Comunitárias e a Democratização dos Meios de Comunicação no Brasil” —, apresentada em 2004 ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A importante pesquisa de Cristiane (que também participou de várias atividades e programas da Muda) lança um olhar histórico sobre os principais projetos de democratização dos meios de comunicação que estiveram em jogo durante o período (metade da década de 1980) correspondente ao fim da Ditadura Civil-Militar no Brasil.

Nós aqui da Rádio Várzea Livre já estávamos há tempos com vontade de publicar no blog vários trechos de seu estudo — buscando, com esse compartilhar das reflexões apresentadas por Cristiane, entender melhor os discursos (suas convergências e divergências) e ações que pautam a apropriação das tecnologias de comunicação pelos movimentos populares. Nosso interesse nessa conversa a partir da pesquisa de Cristiane cresce ainda mais — principalmente se levarmos em conta que seu estudo tem como foco o papel Rádio Livre e Comunitárias na consolidação da comunicação democrática no Brasil.

É isso. O tema do texto está indicado no seu próprio título — fala basicamente sobre os interesses que estão subjacentes aos discursos da ANATEL e da ABERT (Associação Brasileira de Empresários de Rádio e Tv) para justificar o fechamento de milhares de rádios comunitárias e livres do país. Vale a leitura e a discussão (o texto está aí, logo abaixo)! Em breve, nós publicaremos outros capítulos dessa pesquisa firmeza…

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A ANATEL e o mito da interferência.

Na maioria dos discursos políticos analisados neste trabalho, a questão das apropriações populares de transmissores de rádio é problematizada de duas formas: uma relativa ao limite de freqüências disponíveis no espectro radiofônico e a outra relativa às interferências. Esses dois “problemas” fundamentam a repressão às apropriações ilegais do espectro. Atualmente a questão das rádios “piratas” interferindo no sistema de segurança pública e praticando um “crime” contra a sociedade é o argumento mais utilizado. O argumento sobre as limitações do espectro, com a proximidade da viabilização para implantação da chamada “conversão digital”, cai em desuso. No atual sistema “analógico” de radiodifusão, esse argumento desemboca nos mesmos pressupostos que originaram o movimento de rádios livres no Brasil: a da racionalização das freqüências dispostas no dial, para a criação do modelo público garantido pela Constituição Federal [1]. O discurso da interferência é o mais utilizado por supostamente exigir um conhecimento técnico especializado, o qual os agentes da ANATEL devem dispor para que possam justificar as investigações e apreensões que realizam sobre as rádios “ilegais” que interferem na ordem pública.

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Band Remix

rádio pirata bandeirantes – baixe aqui

denúncia remix – baixe aqui

vinheta remix 1 – baixe aqui

vinheta remix 2 – baixe aqui

vinheta limpa – baixe aqui

rádio recebe apoio de agostinho teixeira – baixe aqui


Uma gaiola saiu à procura de um gato ou: Quando os ratos pedem para serem livres dentro da gaiola

Uma gaiola saiu à procura de um gato.

(ou: Quando os ratos pedem para serem livres dentro da gaiola)

Na situação em que a verdade é um momento do que é falso, o ficcional toma o lugar do real.

Aí então os ratos presos na gaiola pedem para que os gatos só cacem (matem, torturem, prendam) os ratos que estão fora da gaiola.

Os ratos — se achando muito rebeldes — querem ser livres dentro das sua prisão.

Os ratos não entendem que é impossível ser livre cercado por muros.

Os ratos não percebem que estão sendo cultivados pelos gatos.

Os gatos convenceram os ratos de que eles são especiais dentro da gaiola.

Os ratos se acham até revolucionários quando pedem para que seja conservada a sua gaiola sem gatos não percebendo que pedem para serem conservados presos, sem percebem que quando pedem para conservar estão sendo conservadores.

Os ratos — tão ocupados em correr na roda que há dentro da gaiola — se esquecem que há uma academia de gatos bem na entrada da gaiola.

Os ratos não percebem que a grande parte dos conhecimentos que adquirem dentro da gaiola é para que sejam competentes ao justificar a ação dos gatos.

O sonho de muitos desses ratos é um dia ser gatos. Então os ratos elegem representantes e fazem assembleias seguindo todo o modelo usado pelos gatos.

E então os representantes dos ratos sentam-se na mesa de negociação dos gatos, e dão entrevistas à tv dos gatos manifestando sua indignação por estarem sendo molestados dentro da gaiola feita e mantida pelos gatos. Os ratos indignados alegam que foi combinado com os gatos que eles teriam autonomia dentro dos muros…ops…digo: da gaiola.

Mas alguns ratos não gostam da gaiola, preferem a cidade. E na contramão da miséria do movimento estudantil dos ratos eles lançam a pergunta:

Porque então não prendemos os gatos dentro da gaiola?

[autoria do texto é o contexto, é a situação que vivemos]


Rádio Várzea é atacada pelo Grupo Bandeirantes!

Nessa segunda (31 de Outubro), o Grupo Bandeirantes de Comunicação apresentou uma denúncia (clica no azulzinho e ouça o audio!) relatando que os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo mantinham, há cerca de 7 anos, uma rádio pirata e ilegal no espaço dos estudantes no prédio da História e Geografia (FFLCH/USP). A mesma notícia também trazia ainda trechos de programas da própria Rádio, além de uma “suposta entrevista” (falsa, já que o repórter não informou em nenhum momento que estava realizando uma série perguntas para a matéria da Bandeirantes, descontextualizando assim suas declarações) com um integrante da rádio.

Já na terça-feira (dia 01 de Novembro), outra reportagem — (ouça aqui) —, também da Rádio Bandeirantes, alertava à todos que “a ANATEL [Agência Nacional de Telecomunicações] já avisou a Reitoria da USP e espera uma autorização da justiça para poder apreender os transmissores e tirar do ar a rádio pirata“.

Como se percebe a partir da reportagens aqui citadas, o Grupo Bandeirantes e a ANATEL dão o ponta-pé inicial para uma nova campanha de criminalização (e mentiras!) contra as rádios livres e comunitárias. A Rádio Várzea deixa claro que não irá se intimidar com esta ofensiva repressiva da ANATEL e Polícia Federal e que suas transmissões continuarão a ser diárias.

Nesse contexto, a Rádio Várzea pede apoio à todos os movimentos sociais, comunidades, sites e pessoas que lutam e estão dispostos a fortalecer o direito social e humano à comunicação. Cabe lembrar que as rádios livres e comunitárias cumprem um papel fundamental na transmissão de uma informação não-comercial e alternativa, dando caráter público ao espaço eletromagnético de difusão. Mesmo assim, e cada vez mais, continuam sendo fortemente criminalizadas.

Nesse ano, só para ficar em alguns exemplos, a Rádio Livre Pulga (Rio de Janeiro) e a Rádio Livre Muda (Campinas) também já sofreram ataques por parte da Polícia Federal (PF) e ANATEL. E agora, infelizmente e mais uma vez (já que também fomos atacados 2004 e 2006), a Várzea na USP também está na mira.

Mas nós não iremos ficar quietos! Como dissemos em nosso manifesto: “Outras formas de se comunicar são necessárias e urgentes para uma mudança em nossas vidas. Fortalecer essas formas que temos, criar outras e expandir o debate para dentro e para fora da academia são questões que se colocam a todos os coletivos de comunicação livre! Pra cima deles!“.

Defenda a Rádio Várzea Livre! Não deixe que a Polícia Federal e ANATEL calem a nossa voz! Qualquer movimentação repressiva desses órgãos governamentais deve ser repudiada! Vamos impedir que a ANATEL e PF roubem os transmissores e equipamentos da Várzea.

Avisemos uns aos outros para que nada contra nós aconteça! Não deixem que eles entrem na Várzea! Seguimos fortes na luta coletiva e nas ondas livres…

Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…

RÁDIO VÁRZEA LIVRE — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!

http://varzea.radiolivre.org/

www.radiolivre.org

FORA POLÍCIA DO MUNDO!







Rádios bolivianas em SP unem comunidade e se ocultam para driblar fiscalização

Continuando as nossas andanças e buscas pela rede, nos enviaram esse interessante texto de final de 2007 — publicado originalmente na página de notícas do Portal UOL. Mesmo não concordando com um certo viés de ilegalidade e criminalização que perpassa a terminologia usada pelo repórter no início de seu artigo, a descrição das relações de sociabilidade forjada e reforçada pelas atividades da comunidade boliviana de São Paulo é extremamente rica  — e evidencia a importância cultural e política das rádios livres, piratas e comunitárias. Chega de introdução por aqui — já que nossa ideia é que vocês leiam a reportagem, debatam entre si e conosco aí nos comentários ou nas suas próprias (e nossas…) rádios livres.

E, para terminar mesmo esse papo inicial, já que o autor chama a atenção para a forte migração boliviana e seu engajamento nas atividades têxteis (sofrendo, na maioria das vezes, com as péssimas condições de trabalho e remuneração), fica a sugestão final — para quem quiser entender mais sobre o assunto e conferir a participação das multinacionais de roupa nesse processo — para que vocês leiam o artigo Tramas da exploração: migração boliviana em São Paulo, de Bruno Miranda e Taiguara (publicado originalmente no site do Coletivo Passa Palavra).

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Rodrigo Bertolotto
Em São Paulo

As rádios piratas são tão escondidas como as oficinas de costura. A oculta comunidade boliviana em São Paulo se refugia diante de fios e agulhas em jornadas de 17 horas, seis dias por semana (só no domingo eles são vistos nas ruas centrais). A concentração deixa só os ouvidos livres da tensão para não errar e ganhar R$ 1,50 por peça finalizada.

“Meteoro FM, 107.5, porque somos la diferencia en su sintonia en la capital paulista”, retumba o slogan da estação de maior alcance, ouvida até na região da avenida Paulista e irradiando desde o Bom Retiro. No total, são quatro rádios levando notícias, música, novelas, anúncios, programas esportivos e palavras de consolo em espanhol para os mais de 100 mil imigrantes.

Clandestinamente, as antenas, os estúdios e o lugar no dial se instalaram na vida da cidade, mas desaparecem de tempos em tempos para driblar a fiscalização.

A mais antiga em funcionamento, a Infinita FM (106.7) saiu do ar na última semana, justamente quando voltou a ser sintonizada a rádio Galáctica (105.5). “Vocês estavam desaparecidos”, brincou ao vivo a ouvinte Silvia, da oficina Los Leones de Penha, que telefonou para a estação para pedir que tocassem sua cumbia preferida da banda Los Culpables. “Sim, tivemos uns probleminhas, mas 2008 vai ser bem melhor”, respondeu o locutor Lobito. Há ainda a FM Melodia, captada apenas na Casa Verde e cercanias.

(mais…)


Rádios livres e comunitárias: A reforma agrária do ar – Revista Sina

Nessas buscas da vida e da rede, achamos esse texto recente (fim de agosto de 2011) aí — publicado originalmente na página da Revista Sina. Assim, decidimos compartilhar aqui esse artigo — para que todos possam ler, pensar e agir coletivamente! Para quem quiser pensar um pouco, e entender melhor, as convergências e as diferenças entre as Rádios Comunitárias e Rádios Livres, fica a dica desse texto aqui.

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Rádios livres e comunitárias: A reforma agrária do ar

Por  João Guató, especial para Sina

As rádios comunitárias autorizadas ou não estão realizando uma verdadeira reforma agrária do ar no Brasil. Elas são na atualidade meios de comunicação de massa que buscam preencher “espaço” vazio com conteúdos populares de interesse da população.

riadas com o modelo de “rádio é serviço” os ouvinte tem a opções niveladas pelo chamado gosto médio. É no contexto da transgressão política e diversão dos adolescentes que as rádios livres e comunitárias nasceram no Brasil e no mundo por mãos da sociedade civil organizada ou não. Muitas delas nasceram sem a pretensão de “conscientizar” ou realizar algum tipo de “contra informação”, mas simplesmente representar mais uma ação legítima do direito a liberdade de expressão e de comunicação.

Na semana passada, quinta-feira, 25 de agosto, as rádios comunitárias em todo o Brasil realizaram um dia de mobilização nacional. No Brasil entre as licenciadas, esperando autorização e as chamadas rádios livres têm cerca de sete mil emissoras.

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Como montar uma Radio Livre — Rádio Tarrafa

Nossos amigos e amigas da Rádio Livre Tarrafa, lá de Florianópolis (Santa Catarina), produziram tempos atrás esse belo, informativo e importante vídeo sobre o processo coletivo de se montar uma rádio livre. Vale, e muito, a pena conferir o material que agora re-publicamos (já que retiramos esse vídeo do site do Passa Palavra).

Força para todas as Rádios Livres do mundo inteiro!