Mais uma Rádio Livre no ar, para sabotar os raciocínios dos que pensam sempre o mesmo…
Na semana passada recebemos essa excelente notícia, então vale aqui reproduzir a reportagem publicada originalmente no sítio do Centro de Mídia Independente.
Cabe dizer, antes, que – como o próprio texto abaixo assinala – vocês podem ouvir essa mais nova rádio livre pela internet também. Em 2012, assim pretendemos, a Rádio Várzea Livre também irá retomar suas transmissões pela rede mundial de pessoas e computadores.
Por fim, caros amigos e amigas da Rádio Caruncho, fica um recado aqui da Várzea: nós também, nesse espírito de colaboração e felicidade, estamos com vontade de fazer parte dessa rede com as mais diversas rádios, como vocês bem citam no comunicado que publicamos a seguir. Afinal de contas, como bem disse Felix Guattari em seu já clássico texto sobre a Rádio Livre Alice (lá da Itália), “a prática da felicidade torna-se subversiva quando ela é coletiva”. Sendo assim, tamo junto – e sejam bem-vindos!
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Cachoeira do Sul, município de cerca de 85 mil habitantes situado na região central do Rio Grande do Sul conquista a sua primeira rádio livre. A Caruncho FM Livre pode ser sintonizada a partir das dez da manhã do dia 26 de novembro no rizoma de rádio livres (radiolivre.org) e pretende levar aos ouvintes uma programação composta basicamente por atrações de cunho cultural e informativos de movimentos sociais, que ainda estão sendo apresentados a ideia.
Com o objetivo de levar informação sem “rabo preso” e sem vínculos com organizações políticas e religiosas, como é comum nos meios de comunicação tradicionais do município, a Caruncho tem na produção voluntárixs que pensam que a informação deve ser democratizada e jamais sofrer censura ou edição tendenciosa, o que também não é raro em Cachoeira do Sul.
A ideia da rádio surgiu com a experiência de alguns voluntários junto a Rádio Tarrafa FM Livre de Florianópolis e ao CMI da capital catarinense. Nesse espírito de colaboração a Caruncho entrará em rede com as rádios Tarrafa, Muda e Antena Negra, em horários variados.
A programação do coletivo de mídia alternativa ainda não está fechada e colaboradorxs estão sendo aceitxs. O contato com a Caruncho pode ser feito pelo e-mail: radiocaruncho@riseup.net
Para ouvir acesse o servidor de streaming do Rizoma de Rádios Livres: http://orelha.radiolivre.org:8000
Rádio Várzea Livre presente no Seminário Espectro, Sociedade e Comunicação — ESC, Campinas-SP.
Entre os dias 1 e 2 de dezembro (quinta e sexta-feira agora!) a UNICAMP sediará o Seminário ESC (Espectro-Sociedade-Comunicação). O grande objetivo desse espaço é promover debates — com a participação ativa de pesquisadores, movimentos, e representantes da área — sobre o espectro eletromagnético. Seus usos, formas de organização e gestão, políticas e disposições jurídicas, além do status quo que o permeia, serão colocados em pauta em rodas de conversa.
Na medida em que técnicas e políticas da comunicação avançam ou retrocedem, o conhecimento e o debate sobre seu status quo, suas disposições jurídicas e suas dinâmicas organizacionais emergem como fundamentais para o avanço de uma sociedade que se quer soberana, autônoma e descolonizada.
Com a intenção de aprofundar tais temas, chamamos um seminário amplo, contando com variadas perspectivas para não somente pensar, mas principalmente propor políticas e estéticas para o gerenciamento do espectro eletromagnético e suas consequências para as comunidades sociais. Bem vindo ao esc 2011.
A organização desse balaio todo (que escreveu esses parágrafos assinalados em itálico) está nas mãos do Pesc (Pensadores do Espectro) e Preac-Unicamp (Pró-reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Campinas). Todas as atividades ocorrerão na Casa do Lago, UNICAMP, com debates às 14h e às 19h.
O evento também será transmitido on-line — essa é uma boa pedida para àqueles que não poderão estar na UNICAMP por esses dias. Maiores informações é só acessar o site do Seminário: http://www.preac.unicamp.br/esc/
Logo depois, no sábado e domingo (03 e 04 de dezembro), a nossa irmã Rádio Muda convida à todos e todas para a programação lado b do ESC. Vale, e muito, a pena comparecer e participar!
Alguns integrantes do Coletivo da Rádio Várzea Livre estarão presentes no Seminário ESC e também no lado b proposto pela Muda. É só colar, conversar, compartilhar, pensar e agir juntos… Tamos aí!
Jornal do Campus REMIX
seguindo a onda do remix,
do faça você mesmo,
do seja a mídia,
do use e abuse,
do occupy todos os cantos,
do rogai por nós ruidores,
aqui está nossa (sub)versão para a matéria publicada pelo Jornal do Campus.
a intervenção foi feita usando somente imagens e textos do próprio jornal.
colagem.
desalinhando o editorial.
fica a dica de um bom exercício para eles adotarem nas próximas edições, quem sabe o jornal fique um pouco mais crítico/interessante.
isso porque eles:
1. não disseram que somos uma RÁDIO LIVRE (mais infos em www.radiolivre.org)
2. não deram a nossa freqüência: 107.1 FM livre
3. não citaram o M.O.L.E (movimento de ocupação do latifúndio eletromagnético)
4. muito menos o D.U.R.O (diálogos urbanos radiofônicos ontolocíclicos)
Breve história das rádios livres européias
Voltamos a publicar aqui em nosso blog, depois de alguns dias de silêncio nesse espaço virtual. Nossas transmissões e atividades continuam firmes e fortes, e o Coletivo da Rádio Várzea Livre está preparando agora suas últimas oficinas e conversas de encerramento desse importante ano que está chegando ao fim. Divulgaremos, em breve, mais notícias e informações sobre esse crepúsculo de 2011.
Nosso papo de hoje é um pouco mais histórico. Publicamos, logo abaixo, uma breve história das rádios livres europeias. A partir dos anos de 1970, período de forte movimentação política e social autônoma, inúmeros coletivos começam a desenvolver atividades que questionavam o modelo atual de comunicação que a grande imprensa ofertava. Grande parte das reportagens produzidas pelos grandes jornais e Tvs tinham como intenção clara apenas criminalizar e deslegitimar os movimentos sociais e pessoas que estavam combatendo de forma autônoma, desde o final dos anos 1960, o capitalismo em várias cidades europeias. As rádios livres participam desse turbilhão de debates e ações coletivas – e é justamente isso que retrata o texto a seguir.
Esse é mais um trecho da Dissertação de Mestrado de Cristiane Dias Andriotti — “O Movimento das Rádio Livres e Comunitárias e a Democratização dos Meios de Comunicação no Brasil” —, apresentada em 2004 ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Outras partes dessa importante pesquisa também serão publicadas futuramente. E, por fim, nunca é demais lembrar de que uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo – como são as rádios livres – passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, uma parte dessa tarefa coletiva.
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Breve história das rádios livres européias.
O fenômeno das rádios livres surge na Europa em meados dos anos 70 antes que os movimentos pela democratização dos meios de comunicação tivessem saído do campo acadêmico. Espalhadas pela França e Itália, as rádios livres eram rádios que desafiavam o monopólio Estatal das comunicações, intervindo no espaço eletromagnético através de transmissões radiofônicas ilegais. Com irreverência e proposta de experimentação das possibilidades da linguagem radiofônica, seus integrantes tinham um posicionamento político em favor das experiências coletivas e da democratização de comunicação de massa. Neste sentido, essas manifestações podem ser vistas como precursoras dos movimentos democratizantes, que tomariam o campo dos meios de comunicação como mais um espaço de batalhas nos anos oitenta.
A ANATEL e o mito da interferência
Nesses tempos de criminalização das lutas sociais e práticas subversivas — com o Grupo Bandeirantes, a Anatel e a Polícia Federal atacando fortemente as rádios comunitárias e livres (exemplos, só nesse ano: Rádio Várzea Livre, Rádio Pulga/Rio de Janeiro e a Rádio Livre Muda/Campinas) —, nada melhor do que alimentar a mente com leituras que são verdadeiros combustíveis para a nossa ofensiva contra àqueles que não tiram o olho do ouro e da rapadura…
Publicamos, a seguir, um pequeno trecho da Dissertação de Mestrado de Cristiane Dias Andriotti — “O Movimento das Rádio Livres e Comunitárias e a Democratização dos Meios de Comunicação no Brasil” —, apresentada em 2004 ao Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A importante pesquisa de Cristiane (que também participou de várias atividades e programas da Muda) lança um olhar histórico sobre os principais projetos de democratização dos meios de comunicação que estiveram em jogo durante o período (metade da década de 1980) correspondente ao fim da Ditadura Civil-Militar no Brasil.
Nós aqui da Rádio Várzea Livre já estávamos há tempos com vontade de publicar no blog vários trechos de seu estudo — buscando, com esse compartilhar das reflexões apresentadas por Cristiane, entender melhor os discursos (suas convergências e divergências) e ações que pautam a apropriação das tecnologias de comunicação pelos movimentos populares. Nosso interesse nessa conversa a partir da pesquisa de Cristiane cresce ainda mais — principalmente se levarmos em conta que seu estudo tem como foco o papel Rádio Livre e Comunitárias na consolidação da comunicação democrática no Brasil.
É isso. O tema do texto está indicado no seu próprio título — fala basicamente sobre os interesses que estão subjacentes aos discursos da ANATEL e da ABERT (Associação Brasileira de Empresários de Rádio e Tv) para justificar o fechamento de milhares de rádios comunitárias e livres do país. Vale a leitura e a discussão (o texto está aí, logo abaixo)! Em breve, nós publicaremos outros capítulos dessa pesquisa firmeza…
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A ANATEL e o mito da interferência.
Na maioria dos discursos políticos analisados neste trabalho, a questão das apropriações populares de transmissores de rádio é problematizada de duas formas: uma relativa ao limite de freqüências disponíveis no espectro radiofônico e a outra relativa às interferências. Esses dois “problemas” fundamentam a repressão às apropriações ilegais do espectro. Atualmente a questão das rádios “piratas” interferindo no sistema de segurança pública e praticando um “crime” contra a sociedade é o argumento mais utilizado. O argumento sobre as limitações do espectro, com a proximidade da viabilização para implantação da chamada “conversão digital”, cai em desuso. No atual sistema “analógico” de radiodifusão, esse argumento desemboca nos mesmos pressupostos que originaram o movimento de rádios livres no Brasil: a da racionalização das freqüências dispostas no dial, para a criação do modelo público garantido pela Constituição Federal [1]. O discurso da interferência é o mais utilizado por supostamente exigir um conhecimento técnico especializado, o qual os agentes da ANATEL devem dispor para que possam justificar as investigações e apreensões que realizam sobre as rádios “ilegais” que interferem na ordem pública.
Uma gaiola saiu à procura de um gato ou: Quando os ratos pedem para serem livres dentro da gaiola
Uma gaiola saiu à procura de um gato.
(ou: Quando os ratos pedem para serem livres dentro da gaiola)
Na situação em que a verdade é um momento do que é falso, o ficcional toma o lugar do real.
Aí então os ratos presos na gaiola pedem para que os gatos só cacem (matem, torturem, prendam) os ratos que estão fora da gaiola.
Os ratos — se achando muito rebeldes — querem ser livres dentro das sua prisão.
Os ratos não entendem que é impossível ser livre cercado por muros.
Os ratos não percebem que estão sendo cultivados pelos gatos.
Os gatos convenceram os ratos de que eles são especiais dentro da gaiola.
Os ratos se acham até revolucionários quando pedem para que seja conservada a sua gaiola sem gatos não percebendo que pedem para serem conservados presos, sem percebem que quando pedem para conservar estão sendo conservadores.
Os ratos — tão ocupados em correr na roda que há dentro da gaiola — se esquecem que há uma academia de gatos bem na entrada da gaiola.
Os ratos não percebem que a grande parte dos conhecimentos que adquirem dentro da gaiola é para que sejam competentes ao justificar a ação dos gatos.
O sonho de muitos desses ratos é um dia ser gatos. Então os ratos elegem representantes e fazem assembleias seguindo todo o modelo usado pelos gatos.
E então os representantes dos ratos sentam-se na mesa de negociação dos gatos, e dão entrevistas à tv dos gatos manifestando sua indignação por estarem sendo molestados dentro da gaiola feita e mantida pelos gatos. Os ratos indignados alegam que foi combinado com os gatos que eles teriam autonomia dentro dos muros…ops…digo: da gaiola.
Mas alguns ratos não gostam da gaiola, preferem a cidade. E na contramão da miséria do movimento estudantil dos ratos eles lançam a pergunta:
Porque então não prendemos os gatos dentro da gaiola?
[autoria do texto é o contexto, é a situação que vivemos]
Rádio Várzea é atacada pelo Grupo Bandeirantes!
Nessa segunda (31 de Outubro), o Grupo Bandeirantes de Comunicação apresentou uma denúncia (clica no azulzinho e ouça o audio!) relatando que os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo mantinham, há cerca de 7 anos, uma rádio pirata e ilegal no espaço dos estudantes no prédio da História e Geografia (FFLCH/USP). A mesma notícia também trazia ainda trechos de programas da própria Rádio, além de uma “suposta entrevista” (falsa, já que o repórter não informou em nenhum momento que estava realizando uma série perguntas para a matéria da Bandeirantes, descontextualizando assim suas declarações) com um integrante da rádio.
Já na terça-feira (dia 01 de Novembro), outra reportagem — (ouça aqui) —, também da Rádio Bandeirantes, alertava à todos que “a ANATEL [Agência Nacional de Telecomunicações] já avisou a Reitoria da USP e espera uma autorização da justiça para poder apreender os transmissores e tirar do ar a rádio pirata“.
Como se percebe a partir da reportagens aqui citadas, o Grupo Bandeirantes e a ANATEL dão o ponta-pé inicial para uma nova campanha de criminalização (e mentiras!) contra as rádios livres e comunitárias. A Rádio Várzea deixa claro que não irá se intimidar com esta ofensiva repressiva da ANATEL e Polícia Federal e que suas transmissões continuarão a ser diárias.
Nesse contexto, a Rádio Várzea pede apoio à todos os movimentos sociais, comunidades, sites e pessoas que lutam e estão dispostos a fortalecer o direito social e humano à comunicação. Cabe lembrar que as rádios livres e comunitárias cumprem um papel fundamental na transmissão de uma informação não-comercial e alternativa, dando caráter público ao espaço eletromagnético de difusão. Mesmo assim, e cada vez mais, continuam sendo fortemente criminalizadas.
Nesse ano, só para ficar em alguns exemplos, a Rádio Livre Pulga (Rio de Janeiro) e a Rádio Livre Muda (Campinas) também já sofreram ataques por parte da Polícia Federal (PF) e ANATEL. E agora, infelizmente e mais uma vez (já que também fomos atacados 2004 e 2006), a Várzea na USP também está na mira.
Mas nós não iremos ficar quietos! Como dissemos em nosso manifesto: “Outras formas de se comunicar são necessárias e urgentes para uma mudança em nossas vidas. Fortalecer essas formas que temos, criar outras e expandir o debate para dentro e para fora da academia são questões que se colocam a todos os coletivos de comunicação livre! Pra cima deles!“.
Defenda a Rádio Várzea Livre! Não deixe que a Polícia Federal e ANATEL calem a nossa voz! Qualquer movimentação repressiva desses órgãos governamentais deve ser repudiada! Vamos impedir que a ANATEL e PF roubem os transmissores e equipamentos da Várzea.
Avisemos uns aos outros para que nada contra nós aconteça! Não deixem que eles entrem na Várzea! Seguimos fortes na luta coletiva e nas ondas livres…
Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…
RÁDIO VÁRZEA LIVRE — SINTONIZE E PARTICIPE! 107, 1 FM LIVRE!
FORA POLÍCIA DO MUNDO!
Rádios bolivianas em SP unem comunidade e se ocultam para driblar fiscalização
Continuando as nossas andanças e buscas pela rede, nos enviaram esse interessante texto de final de 2007 — publicado originalmente na página de notícas do Portal UOL. Mesmo não concordando com um certo viés de ilegalidade e criminalização que perpassa a terminologia usada pelo repórter no início de seu artigo, a descrição das relações de sociabilidade forjada e reforçada pelas atividades da comunidade boliviana de São Paulo é extremamente rica — e evidencia a importância cultural e política das rádios livres, piratas e comunitárias. Chega de introdução por aqui — já que nossa ideia é que vocês leiam a reportagem, debatam entre si e conosco aí nos comentários ou nas suas próprias (e nossas…) rádios livres.
E, para terminar mesmo esse papo inicial, já que o autor chama a atenção para a forte migração boliviana e seu engajamento nas atividades têxteis (sofrendo, na maioria das vezes, com as péssimas condições de trabalho e remuneração), fica a sugestão final — para quem quiser entender mais sobre o assunto e conferir a participação das multinacionais de roupa nesse processo — para que vocês leiam o artigo Tramas da exploração: migração boliviana em São Paulo, de Bruno Miranda e Taiguara (publicado originalmente no site do Coletivo Passa Palavra).
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Rodrigo Bertolotto
Em São Paulo
As rádios piratas são tão escondidas como as oficinas de costura. A oculta comunidade boliviana em São Paulo se refugia diante de fios e agulhas em jornadas de 17 horas, seis dias por semana (só no domingo eles são vistos nas ruas centrais). A concentração deixa só os ouvidos livres da tensão para não errar e ganhar R$ 1,50 por peça finalizada.
“Meteoro FM, 107.5, porque somos la diferencia en su sintonia en la capital paulista”, retumba o slogan da estação de maior alcance, ouvida até na região da avenida Paulista e irradiando desde o Bom Retiro. No total, são quatro rádios levando notícias, música, novelas, anúncios, programas esportivos e palavras de consolo em espanhol para os mais de 100 mil imigrantes.
Clandestinamente, as antenas, os estúdios e o lugar no dial se instalaram na vida da cidade, mas desaparecem de tempos em tempos para driblar a fiscalização.
A mais antiga em funcionamento, a Infinita FM (106.7) saiu do ar na última semana, justamente quando voltou a ser sintonizada a rádio Galáctica (105.5). “Vocês estavam desaparecidos”, brincou ao vivo a ouvinte Silvia, da oficina Los Leones de Penha, que telefonou para a estação para pedir que tocassem sua cumbia preferida da banda Los Culpables. “Sim, tivemos uns probleminhas, mas 2008 vai ser bem melhor”, respondeu o locutor Lobito. Há ainda a FM Melodia, captada apenas na Casa Verde e cercanias.
Rádios livres e comunitárias: A reforma agrária do ar – Revista Sina
Nessas buscas da vida e da rede, achamos esse texto recente (fim de agosto de 2011) aí — publicado originalmente na página da Revista Sina. Assim, decidimos compartilhar aqui esse artigo — para que todos possam ler, pensar e agir coletivamente! Para quem quiser pensar um pouco, e entender melhor, as convergências e as diferenças entre as Rádios Comunitárias e Rádios Livres, fica a dica desse texto aqui.
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Rádios livres e comunitárias: A reforma agrária do ar
Por João Guató, especial para Sina
As rádios comunitárias autorizadas ou não estão realizando uma verdadeira reforma agrária do ar no Brasil. Elas são na atualidade meios de comunicação de massa que buscam preencher “espaço” vazio com conteúdos populares de interesse da população.
riadas com o modelo de “rádio é serviço” os ouvinte tem a opções niveladas pelo chamado gosto médio. É no contexto da transgressão política e diversão dos adolescentes que as rádios livres e comunitárias nasceram no Brasil e no mundo por mãos da sociedade civil organizada ou não. Muitas delas nasceram sem a pretensão de “conscientizar” ou realizar algum tipo de “contra informação”, mas simplesmente representar mais uma ação legítima do direito a liberdade de expressão e de comunicação.
Na semana passada, quinta-feira, 25 de agosto, as rádios comunitárias em todo o Brasil realizaram um dia de mobilização nacional. No Brasil entre as licenciadas, esperando autorização e as chamadas rádios livres têm cerca de sete mil emissoras.
Como montar uma Radio Livre — Rádio Tarrafa
Nossos amigos e amigas da Rádio Livre Tarrafa, lá de Florianópolis (Santa Catarina), produziram tempos atrás esse belo, informativo e importante vídeo sobre o processo coletivo de se montar uma rádio livre. Vale, e muito, a pena conferir o material que agora re-publicamos (já que retiramos esse vídeo do site do Passa Palavra).
Força para todas as Rádios Livres do mundo inteiro!
Rádio Livre derruba avião?
Tempos atrás re-publicamos aqui o artigo Por que calar as Rádios Livres?, de autoria do Coletivo Passa Palavra. Como dica boa nunca é demais, fica aqui nossa sugestão para que vocês leiam (ou re-leiam) essa importante reflexão.
Naquela ocasião, entretanto, esquecemos de publicar um box que estava no final do artigo e que, de forma simples e didática, desmistificava esse papo de que as rádios livres e comunitárias atrapalham os vôos e podem chegar ao ponto de provocarem acidentes aéreos. Assim, para reparar esse nosso lapso de memória, e também levantar novamente esse importante debate, publicamos o trecho que faltava.
Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…
Rádio Livre derruba avião?
Conforme um acordo internacional (RECOMMENDATION ITU-R IS. 1009-1), que a Anatel acolheu e adaptou através da norma 03/95, a comunicação aeronáutica opera na seguinte faixa de freqüência do espectro eletromagnético: de 108 MHz a 137 MHz. Sempre dentro desta freqüência, a comunicação aeronáutica fica, então, divida em 3 sistemas:
– ILS (Instrument Landing System Localizer): guia as aeronaves em procedimento de aproximação e aterrissagem;
– VOR-VHF (Omnidirectional radio range): conhecido também como radiofarol, fornece dados sobre a Radial da aeronave relativamente a algum ponto terrestre de localização conhecido;
– COM-VHF (Communications equipment): possibilita a comunicação de voz entre a tripulação da aeronave e os controladores de vôo.
Os transmissores de radiodifusão FM, de fato, têm o potencial de emitir sinais que coincidam com a faixa aeronáutica; o que constitui um grupo de problemas. Isto, porém, não significa que efetivamente o façam, pois o efeito só ocorre em situações de má consistência técnica, algo raro nos transmissores fabricados hoje em dia, e teoricamente inexistente em transmissores homologados pela Anatel.
Manifesto da Rádio Várzea Livre
QUEM COMUNICA SE ESTRUMBICA!
Por qualquer que seja o meio ou maneira, comunicar é inerente ao ser humano. Lutamos pela nossa liberdade de expressão como se tentássemos escapar de leões famintos. E embora este seja um direito nosso, assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, os leões seguem impunemente tocando o terror. São eles, os donos do poder, monopolizadores da mídia, latifundiários do ar, políticos, padres e pastores, cínicos de toda espécie. E nós somos apenas criaturas alegres e indesejáveis ocupando os meios, movendo-nos.
É verdade que a parafernália tecnológica das grandes emissoras de TV, rádio, jornais e mega portais da internet não comunica. Para nós, comunicar implica o diálogo horizontal entre as pessoas. A troca de experiências e de conhecimento é o que move o ideal de uma comunicação livre, onde debates e manifestações ignorados pela grande mídia encontram o seu canal de transmissão. A profusão de informações que se acumulam a partir de um único emissor tem lógica irracional, monocultural, servindo apenas ao controle capitalista das massas e à desinformação do povo.
Negamos as relações hierárquicas nos meios de comunicação livre. Não há editor chefe ou patrão que dite o conteúdo a ser veiculado. Rejeitamos a verticalidade nas decisões do coletivo, nossa prática é autogestionária, nossa rádio é livre e, principalmente, nosso microfone é aberto a qualquer um que queira fazer o seu programa, irradiar, tomar a palavra.
Não temos fins comerciais, partidários ou religiosos. Não aceitamos jabá, patrocínio ou financiamento. Não somos o fim, somos o meio.
Procuramos criar condições para uma experiência de atuação direta. A ideia é “produzir recebendo” e “receber produzindo”, uma via de mão dupla, onde somos ao mesmo tempo programadores e ouvintes, emissores-receptores. Não aceitamos a dominação cultural que nos querem impor os meios comunicação comerciais. Fizemos florescer um canal livre no espectro eletromagnético! A rádio está pronta para a apropriação das pessoas comuns, para realização de seus desejos, suas utopias.
Para quem se coloca politicamente diante da sociedade, a comunicação livre se realiza como uma atividade anticapitalista, pois nega o modo de produção e manutenção das relações sociais no sistema. A rádio livre subverte essa lógica e prova que outro modelo é possível, é urgente. Faça você mesmo ou morra!
Entrevista sobre a Semana de Resistência Osama com a banda argentina Mundanos
No último Festival de Resistência Osama Bin Reggae — que teve como tema, esse ano de 2011, “Quem é o terrorista” — tivemos uma novidade e presença especial: dessa vez, para nossa sorte, contamos com a bela participação dos nossos hermanos argentinos da banda Mudanos Rock Viajero.
Além de marcarem presença para tocar no dia do Festival, eles também acompanharam alguns debates e discussões que promovemos por toda aquela semana.
Como tudo que é bom dura pouco, eles já voltaram para as terras portenhas – mas, mesmo assim, o contato segue estabelecido e a nossa irmandade só aumenta…
Daí que recebemos com muita surpresa e alegria a entrevista que o Mundanos deu para o site El lado oscuro del rock, contando — entre outros temas — como foi sua estadia no Brasil, o que eles acharam da Semana do Osama e como foram recebidos pela galera que ouviu sua música.
Rádio Insurgente: Voz de los Sin Voz e EZLN – dialogando e transmitindo desde las montañas del sureste mexicano
A Revista Rebeldia – principal publicação sobre o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) – divulgou em 2011, em suas edições número 77 e 78, algumas entrevistas que a Rádio Insurgente: Voz de los Sin Voz realizou recentemente com os integrantes do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI) e das tropas do EZLN.
A principal questão que estava em jogo nessas várias entrevistas foi assim resumida pelos companheiros e companheiras da Rádio Insurgente (pedimos licença para reproduzirmos esse trecho em nossa língua-irmã, de fácil entendimento com um pouco de esforço…):
¿Por qué estás aquí? Podrías estar en tu pueblo sembrando maíz, criando hijos; o podrías estar trabajando en el gobierno como promotor de algo o en cargada de algo; o podrías estar en um partido político buscando cargo en el partido, en el gobierno o en los dos. Entonces, ¿por qué estás aqui en el EZLN?
Os resultados das conversas podem ser conferidos a seguir:
¿Por qué estamos aquí? Primera de varias partes – http://revistarebeldia.org/revistas/numero77/02porqueestamos.pdf.
¿Por qué estamos aquí? Segunda parte – http://revistarebeldia.org/revistas/numero78/03porque_estamos_aqui_ii.pdf.
debate: rádios livres X monopólio
Debate organizado pela Rádio Xiado 90,1 FM Livre, na PUC-SP em outubro de 2003.
O tema do discussão: rádios livres contra o monopólio dos meios de comunicação no Brasil.
Pela democratização da comunicação e liberdade de expressão!
Viva o verão de 1982 em Sorocaba, quando mais de 100 emissoras FM foram ao ar!
Viva também a Rádio XILIK, que atuou na PUC no anos 80.
Comunicação livre!
Participação: Chico Lobo, José Arbex Jr. e Armando Coelho Neto
Mediação: Rogério Borovik / Marius DarK
Realização: Rádio Xiado – Outubro/2003
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roubo na rádio pulga!
por que querem calar as rádios livres? vejam a ANATEL roubando o transmissor da PULGA, radiolivre com mais de 21 anos, instalada na UFRJ, Rio de Janeiro.
Força à Pulga!
O sistema vai se coçar!
ONDAS LIVRES
a rádio muda res(X)iste!
vida longa à Rádio MUDA! vejam a atuação de agentes da ANATEL querendo calar a MUDA, 88,5 FM radiolivre no ar há mais de 15 anos em Barão Geraldo Unicamp. A Muda res(x)iste!
[accessibleyoutube id=”iCZx52XjBw8″ width=480 height=320]
comunicação livre!
[accessibleyoutube id=”o6xqmEDWqRY” width=480 height=320]
Video documentário de 2005 sobre pessoas e coletivos que querem a liberdade dos meios de comunicação no Brasil: rádio livres, tvs livres, coletivos de midiartivismo.
depoimentos de:
Arlindo Machado
Edson Passet
Quéops Negão / Media Sana
Ricardo Rosas
Thiago Novaes
José Arbex Jr.
Maurá Véras (ex-Reitora PUC)
Editora Sabotagem
Rádio Pulga (Rio de Janeiro)
Rádio Várzea (São Paulo)
Rádio Muda (Campinas)
Rádio Cega (Limeira)
Rádio Livre-se (Recife)
Rádio Xiado (São Paulo)
Radiola (Belo Horizonte)
Matema (Curitiba)
eventos registrados:
Semana sem TV 2005
Anti-comemoração do aniversário de 40 anos da Globo, no MASP, 2005
Encontro de Rádios Livres, na Rádio Vázea, São Paulo 2005
Submidiologia, na Unicamp, Campinas 2005
Ato pela Democratização da Mídia, em frente à ANATEL
realização:
coletivo xiado /
TCC PUCSP 2005
Semana Osama – Programação completa!
Salve
chegou! Convidamos tod@s para a
IX Semana Osama Bin Reggae
Osama nas alturas: quem é o terrorista?
12 a 16 de setembro
12/09. 18h
Debate: O terror no Estado Brasileiro.
Com a participação do movimento Mães de Maio, que lançarão o livro do Luto à Luta.
Local: espaço aquário História/Geografia USP
12/09. 21h.
Debate: As organizações “terroristas” no controle do Estado: Hamas e Hezbollah na repressão a movimentos populares
Local: espaço aquário História/Geografia USP
13/09. 18h
Debate: O terror da revitalização: a (não) política habitacional na cidade
Com a participação da Rede Extremo Sul, MSTC, AGB e ANT
14/09. 15h.
Oficina de rádio livre
Projeções
Som
Local: prainha da ECA – USP
14/09. 17h30
Debate: Café com Osama – O terrorismo da Informação
Com a participação da Rádio Muda (livre!), Rádio Várzea (Livre!), Passalavra, Coletivo Intervozes e Lúcia Rodrigues (Caros Amigos)
Local: prainha da ECA – USP
15/09. 18h.
Debate: Guerra às drogas, Guerra à pobreza: políticas terroristas de internação, criminalização e repressão
Com a participação do Coletivo DAR, Professor Henrique Carneiro, CEDECA Interlagos, Guerreiros de Sião.
Local: espaço aquário História/Geografia USP
16/09. 22h30
FESTA!
Com a participação de Xemalami, Mundanos, Ambulantes, Zafenate, Tribo do sol, Força da Paz, Guerreiros de Sião, Quilombo Hi-Fi + Zion Gates e High Public + Rádio Vitrola.
Local: História/Geografia USP
Bora chegar e trocar ideia!
E tem a programação logo abaixo do cineclube osama – conosco não há enrosco, q rolará a semana inteira também no espaço aquário!
Nem Obama
Nem Osama
! !
Cine Osama!
Salve salve todxs!
Em parceria, Rádio Várzea Livre e Cineclube Aguapé convidam todxs para o
CINE OSAMA,
a mostra de filmes da semana Osama Bin Reggae, que acontece nos dias 12 a 16 de setembro, na USP.
As tardes da semana estarão preenchidas com filmes muito especiais, que trazem histórias, discussões e críticas importantes para refletirmos sobre a pergunta evocada pelo evento: “Quem é o terrorista?”
A mídia vende uma resposta enlatada. Nossa bagagem cultural nos condiciona a engarrafar respostas e segura-las como arma. Nada disso contribui para esclarecer as questões que aparecem diante dessa pergunta chave.
O Cine Osama pede licença para criar um espaço saudável de troca de ideias, de celebração do cinema, de momentos coletivos em telas comuns, com pensamentos afinados para encararmos essa questão em seus mais diversos aspectos.
Além dos filmes, haverão debates e rodas de conversa nas noites do evento. A programação completa segue em anexo, assim como a programação doCine!
Para as discussões puxadas pelos filmes alguns convidados de responsa tbm pra somar:
Segunda – membros do antigo, saudoso e imortal Eparreh + coletivo ComerAtivaMente
Terça – galera fmz que mora ali no Doze da Raposo + membros do Ativismo ABC
Quarta – Rádio Muda (livre!), Rádio Várzea (Livre!), Passapalavra, Coletivo Intervozes e Lúcia Rodrigues (Caros Amigos)
Quinta – Coletivo DAR, Professor Henrique Carneiro, CEDECA Interlagos, É de lei, Guerreiros de Sião.
Cheguem mais, e fiquem a vontade. O sofá é nosso. E o Cinema é aberto!
no espaço aquário!
Osama Bin Reggae IX – Quem é o terrorista?
Ae rapaziada, ta chegando
ajudem a divulgar, copiem os cartazes e colem em seus facebooks, twiters, orkuts e qualquer rede social, na melhor de todas, a rede social Boca a Boca!
Osama nas alturas!
Osama Bin REGGAE IX – QUEM É O TERRORISTA?