OCUPANDO O LATIFÚNDIO ELETROMAGNÉTICO

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Rádio Várzea Livre, São Paulo (Brasil), 2013 – Rádio Alice, Bolonha (Itália), 1976-1977

Ainda estamos retomando o fôlego, após todas as atividades que realizamos em 2012. Mas, e isso já podemos garantir, 2013 começou com tudo!

Várias frentes de batalhas já estão rolando (oficinas, debates, reuniões, testes de streaming-transmissão pela internet, transmissão por antena etc.) e a Rádio Várzea Livre está envolvida nas mobilizações contra a reintegração de posse e despejo das 68 famílias do Assentamento Milton Santos. Um pouco mais sobre esse assunto, e a atuação da Várzea nesse processo de luta (que continua!) pelo decreto de desapropriação do terreno por interresse social, foi publicado aqui, aqui e aqui.

Para não ficarmos muito tempo sem essa troca-compartilhar aqui no blog, aí vão boas imagens de uma luta que nos inspira até hoje.

radio_alicefiosA partir dos anos de 1970, período de forte movimentação política e social autônoma, inúmeros coletivos começam a desenvolver atividades que questionavam o modelo atual de comunicação que a grande imprensa ofertava. Grande parte das reportagens produzidas pelos grandes jornais e Tvs tinham como intenção clara apenas criminalizar e deslegitimar os movimentos sociais e pessoas que estavam combatendo de forma autônoma, desde o final dos anos 1960, o capitalismo em várias cidades europeias. As rádios livres  (tendo como precursora a Rádio Alice) participaram desse turbilhão de debates e ações coletivas.

Para saber um pouco mais da Rádio Alice, é só acessar esse post (publicaremos a segunda parte do texto em breve).

Uma de suas chamadas-vinhetas transmitia livremente o seguinte:

Rádio Alice transmite música, notícias, jardins floridos, conversa fiada, invenções, receitas, horóscopos, filtros mágicos, amores, boletins de guerra, fotografias, mensagens, massagens, mentiras…

Uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo – como são as rádios livres – passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis, então, algumas imagens que relembram a atuação da Rádio Alice.

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Assentamento Milton Santos – a luta continua!

MG_6631-1024x682A luta continua para as famílias do Assentamento Milton Santos. Depois de doze dias de luta e ocupações pela cidade de São Paulo, assentados e apoiadores retornam ao Milton Santos e seguem em luta com toda disposição e dignidade. Para entender um pouco sobre essa nova etapa de luta que se inicia agora, recomendamos a leitura desse artigo do Passa Palavra – que dá uma boa dimensão dos últimos acontecimentos.

Nesses dias todos, tão corridos, nós aqui da Rádio Várzea Livre deixemos de atualizar o blog por um tempo. Pedimos desculpas e voltamos com boas novidades e informes.Eis a notícia do dia 23 de janeiro, conforme relatado pelos próprios assentados:

<<na Ocupação do Incra pelas famílias do Assentamento Milton Santos/Acampamento João Zinclair, tivemos, pela tarde, uma Oficina de Zine com o companheiro Batata Sem Umbigo, da Fábrica Ocupada Flaskô, com a presença da Rádio Várzea Livre.>>

Para além dessa oficina sensacional, que uniu o faça você mesmo do zine e da rádio livre, os dias de Ocupação do INCRA foram de intenso aprendizado e luta coletiva. Mas, conforme dissemos antes, a luta não acabou!

MiltonSantos-BoletimEstá disponível nesta página (clique na marcação!) todas as matérias – textos e vídeos – que vêm sendo publicadas no Passa Palavra sobre a luta do Assentamento Milton Santos.

É fundamental continuarmos a divulgar e estarmos juntos, de toda forma que pudermos, nessa importante mobilização!

Assentamento Milton Santos: Resistência e Luta!!!


Rádio Várzea Livre e Assentamento Milton Santos – ombro a ombro

incra

O Assentamento Milton Santos resiste. O Incra de São Paulo está ocupado desde terça-feira.

Para começar bem, um informe. Está disponível nesta página (clique na marcação!) todas as matérias – textos e vídeos – que vêm sendo publicadas no Passa Palavra sobre a luta do Assentamento Milton Santos.

Como já dissemos aqui, nós, da Rádio Várzea Livre, estamos lado a lado com aqueles que lutam e desejam superar esse sistema social que encarcera e reprime todos nós que queremos viver autonomamente em liberdade.

E é por isso que na última quinta-feira, 17 de janeiro, estivemos presentes novamente com os apoiadores e assentados do Milton Santos na Ocupação do INCRA. Eis aqui um trecho do relato do Passa Palavra:

<<Formação e cultura na ocupação

Mas nem só de acaloradas reuniões foi o dia da ocupação. Logo após o almoço, a Rádio Livre Várzea desenvolveu uma atividade no portão de entrada da ocupação. Foi deixado um microfone aberto para os assentados contarem suas histórias de vida, darem depoimentos, tirarem sarro e rirem um pouco. Em seguido, o coletivo fez uma breve discussão sobre o tema da comunicação e a cobertura das lutas sociais na grande mídia.>>

radioFormação, realmente. Aprendemos, muito, nesse dia. Por esse motivo, agradecemos aos assentadores e apoiadores e estaremos presentes na próxima semana com mais atividades no front da batalha.

Nesse mesmo dia, conforme pode ser lido no relato aqui citado, ocorreu uma reunião tensa e cheia de promessas vazias (até quando?) com os representantes do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Fica o recado: Presidente Dilma, você tem poucos dias para assinar o decreto pela desapropriação por interesse social da área do Assentamento Milton Santos!

Deixando esse pessoal para lá e para somar ainda no apoio concreto, os companheiros das Rede Extremo Sul realizaram uma excelente atividade, com vídeo e discussão sobre as condições de luta na periferia de São Paulo. Foi um momento de muito aprendizado e de trocas de ideias que enriqueceram nosso pensar e agir. O dia atnda terminou da melhor maneira possível: tivemos a chance de conferir o som do O Conselho, formado por um projeto de rap com as crianças da região do Campo Limpo, zona sul da cidade, e o rapper Robsoul, do Grajaú (também sul).

É isso aí. Semana que vem agora, já para começar, tem mais. Muito força, apoio e solidariedade concreta. Rádios Livres e Assentamentos juntos! Reforma Agrária na terra e no ar. Somos todos Milton Santos!

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Apelo de solidariedade às famílias do assentamento Milton Santos

Reproduzimos, a seguir, o importante comunicado do Coletivo de Comunicação do Assentamento Milton Santos. Nós, da Rádio Várzea Livre, estamos lado a lado com aqueles que lutam e desejam superar esse sistema social que encarcera e reprime todos nós que queremos viver autonomamente em liberdade.

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A comunidade do assentamento Milton Santos vive uma situação urgente e extremamente delicada.

O assentamento Milton Santos é uma comunidade consolidada há 7 anos, por 68 famílias que batalharam na luta pela reforma agrária e construíram suas casas e suas vidas mantendo plantação e produção de alimentos na região de Americana, São Paulo. No entanto, desde julho de 2012, os moradores do Milton Santos vêm sofrendo pressões para saírem das terras nas quais foram legalmente assentados pelo presidente Lula e pelo Incra, em 23 de dezembro de 2005.

Em meados do ano passado, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi intimado a cumprir uma reintegração de posse solicitada pela pela família Abdalla, antiga proprietária do terreno que teve parte de sua propriedade confiscada, na década de 1970,  por conta de dívidas que mantinha com o Estado. Ignorando o longo e doloroso processo de consolidação da comunidade de pequenos agricultores – que conta inclusive com apoio de diversos programas governamentais – o Desembargador Federal Luiz Stefanini autorizou a ordem de despejo.

Desde então, várias tentativas se seguiram no sentido de reverter a situação. Conversas com representantes do governo e ações de protesto foram realizadas, mas nenhuma delas trouxe a garantia que as famílias precisam para voltarem às suas vidas e continuarem a sua produção.

No início desse ano, no dia 09 de janeiro, o Incra foi oficialmente comunicado da decisão judicial, que estabelece o prazo de 15 dias para as famílias se retirarem do terreno. Conforme o documento, a partir do dia 24 de janeiro a ação de despejo pode ser executada com o uso da força policial. E, de acordo com o histórico da região, é muito provável que esta ação seja feita de forma altamente truculenta.

Os assentados não têm nenhuma alternativa, por isso prometem lutar até as últimas consequências para que possam continuar vivendo tranquilamente em suas casas, com suas plantações, na comunidade onde já estão há 7 anos e pela qual empenharam toda a vida. Por isso, reivindicam que a presidenta da república, Dilma Rousseff, assine o decreto de desapropriação da área por interesse social, a única medida que resolveria o problema de forma definitiva.

A situação no local é extremamente tensa. É urgente difundir o que está acontecendo com o assentamento Milton Santos e apoiar a luta dessas famílias que correm o risco de serem jogadas na rua a partir do dia 24 deste mês. Apelamos para que apoiadores da causa, jornalistas e observadores de direitos humanos voltem a sua atenção para o caso e não deixem que outra barbárie se repita.

Saiba mais sobre o caso:

www.assentamentomiltonsantos.com.br

http://www.facebook.com/AssentamentoMiltonSantos

Entre em contato pelo email:

assentamentomiltonsantos@gmail.com

Coletivo de Comunicação do Assentamento Milton Santos

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Arrepia e inspira — estamos iniciando nossas transmissões

A Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros 107,1 fm tem o orgulho de iniciar suas transmissões em 2013 publicando uma de tantas das nossas construções coletivas e horizontais.

Poderia ser um manifesto, uma nota de apoio, ou mesmo uma referencia a tantas lutas que nos inspiram, todavia é algo que não está longe, que nos é palpável, que nos propiciou e propicia a a oportunidade de andarmos lado a lado, que nos mostra que se unir frente aos inimigos (e tem uma par), independentemente do front em que combatemos, é sempre mais importante, mais bonito, mais politico, mais verdadeiro!

Essa transmissão tem o intuito de dizer que somos LIVRES, que SOMOS RÁDIO, e que em 2013 correremos fortemente na pegada, juntos e misturados com todos que assim como nós procuram um mundo horizontal, autogestionado, abaixo e a esquerda.

Por isso temos o prazer de compartilhar o texto que escrevemos para o livro recém lançado pelas Mães de MaioMães de Maio, Mães do Carcere – A Periferia Grita, que em sua luta incessante por um mundo onde caibam muitos mundos, nós mostra que não estamos sós e nem mal acompanhados, como dizem nossos parceiros do XEMALAMI.

Eis, então, o texto publicado:

O respeito pela militância das Mães de Maio sempre foi motivo de conversas nos programas e reuniões da Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros.

A cada dificuldade que temos em nosso dia a dia, enfrentando aqueles que querem nos calar sistematicamente, a cada desânimo que temos no nosso dia a dia militante com as contingências cotidianas para os membros de um coletivo que tentam se organizar à margem e para além dessa sociedade – nestes, e em outros tantos momentos, pensamos nas Mães de Maio.

Arrepia e inspira.

Porque o caminho mais comum após a tragédia calculada friamente pelo Estado que se acometeu em suas vidas, era que elas se calassem e voltassem de forma silenciosa para as suas casas. Porque é assim o cotidiano e é isso que os governantes e empresários esperam do povo negro e pobre desse país. Resignação, sofrimento individual e paciência – é isso que os senhores de cima esperam daqueles que sofrem injustiças. Tentar apenas pela via da lei significaria a esterilização de qualquer sentimento de revolta, de qualquer sentimento de esperança de que um dia a vida pode ser diferente. A lei tem lado – a justiça só é cega pra quem tá alienado.

Ao não se calarem perante aos milhares de entraves, ameaças, mentiras e todos os obstáculos que impedem às mães de terem o direito à verdade em plena democracia, o movimento das Mães de Maio desnaturaliza a história e mostra à todos que quem a IMG_3630constrói somos nós, seres humanos em movimento. Deixa à vista de todos que outra vida é possível de ser construída justamente no momento em que ela se desmorona – nada pode ser pior do que perder um filho.

Essa luta das Mães  se reflete dentro das nossas almas. O andar é tortuoso, perigoso e tenso – e é imprescindível, por isso, caminharmos lado a lado, para que juntos possamos chegar mais longe sempre, resistir à opressão, enfrentar a repressão e atacar os que tentam nos desarticular e desacreditar.

Quando montamos uma antena e ligamos o transmissor, quando  botamos a boca no microfone, imediatamente nos sintonizamos com as Mães de Maio e com todos aqueles que resistem e lutam por outras formas de se organizar e de se viver: transgredimos a lei, porque essa lei não nos serve.

Estamos certos de que a mesma ordem que impede as Mães de Maio de conseguirem a justiça e memória de seus entes atacados pelo Estado, também coloca cada vez mais obstáculos para nos comunicarmos livremente. Essa ordem insiste em nos dizer que nossa luta é ilegal, nos acusa de não estarmos seguindo as regras e que devemos ser pacientes e não termos pressa com a justiça. Ordem essa que apesar de querer mostrar que “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa” não nos supera, pois, como dissemos acima, nossas lutas seguem o ritmo de nossos corações: abaixo e à esquerda.

Sabemos que nossa (r)existência coletiva significa golpes diários contra essa democracia mascarada e falsa, um sistemas que se esconde por detrás a face terrorista do capitalismo que massacra cotidianamente os desiguais de uma sociedade que entende por igualdade a uniformidade e a padronização da vida, onde o pobre negro favelado só aparece para o mundo nas notícias sobre o crime e nos páginas policiais.

Quando ocupamos uma frequência no latifúndio eletromagnético da comunicação, estamos organizando uma vida que nos diz respeito, que fala sobre nós para nós mesmos, que conta e compartilha coletivamente a nossa história. Não queremos hierarquias, lideranças, vereadores ou presidentes. Não somos adeptos de nenhum tipo de verticalização política e social, somos horizontais – e já que não nivelamos por cima, acreditamos que é possível se organizar coletivamente, abaixo e à esquerda. Não queremos nos legalizar e seguir uma ordem ditada por instituições que se dizem “democráticas”, na qual a liberdade de se organizar e se revoltar contra as injustiças não é permitida. 

Queremos apenas – e isso para nós é justamente o sentido de nossa luta – sermos donos das nossas próprias vidas, sem que ninguém nos arranque o sentido delas, como aconteceu com centenas de filhos em maio de 2006, em pleno Estado Democrático de Direito, e como se tem tentado infligir às Mães – que, além da perseguição sofrida,  pouco espaço tem para falar sobre a sua realidade e suas lutas.

E é justamente por essa linda e importante luta coletiva contra o esquecimento, que  somos parceiro@s das Mães de Maio até o final, pois estamos do mesmo lado, lado a lado. A organização e luta das Mães de Maio por justiça e memória significam a prática de uma outra sociedade, assim como organização e luta pela comunicação livre, um mundo onde caibam muitos mundos, onde não exista policia e onde não sejamos incitados diariamente a nos dividirmos e disputarmos entre si, mas sim a somarmos sempre, uns com os outros, como parceiros e aliados, dentro das nossas diferenças.

É por tudo isso que dissemos acima, e muito mais por aquilo que sentimos e não conseguimos ainda nem expressar por meio dessas breves palavras, que acreditamos que os nossos movimentos são indissociáveis. Se estivermos desunidos, seremos presas fáceis dessa falsa democracia – que dita atualmente a forma como vivemos – e daqueles que criminalizam fortemente as nossas lutas. Onde há uma voz se levantando contra a injustiça, haverá uma onda no ar propagando a liberdade.

RÁDIO VÁRZEA LIVRE — 107, 1 FM LIVRE! SINTONIZE, PARTICIPE E OCUPE O LATIFÚNDIO ELETROMAGNÉTICO! DO LUTO À LUTA, COM AS MÃES DE MAIO!”

O livro se encontra a venda e tem salve de mais uma par de gente que corre lado a lado, quem quiser dar uma forca é só da um salve no maesdemaio@gmail.com, ou fala com nois memo.

Salve Mães de Maio, Salve Mães de Todo dia, Salve nossas Mães!

Estamos no Ar, LIVRES!

QUE VENHA 2013!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do RIO PINHEIROS — 107, 1 FM  – VIVÃO E VIVENDO!


Rádio Várzea Livre no Observatório da Imprensa — A crítica à legalidade

RÁDIOS LIVRES

A crítica à legalidade

Por Rodrigo Neves em 11/12/2012 na edição 724

“A rádio Várzea é um espaço de resistência, mas, sobretudo, de reexistência. Não estamos apenas interessados em negar esse sistema moribundo, nossa luta também é propositiva, da reinvenção da vida, da transmissão criativa”.

É dessa maneira que a rádio Várzea Livre se descreve em um dos seus vários manifestos. Ocupando a frequência 107,1 FM, hoje só é possível ouvi-la dentro do prédio da História e Geografia, na Universidade de São Paulo. Há pouco mais de um ano, era possível escutá-la por toda a universidade, até a Marginal do Rio Pinheiros.

A rádio livre foi criada por estudantes da USP em 2002, durante uma greve por melhores condições de ensino. Desde então, a Várzea é autogerida por estudantes de distintas unidades da USP, emitindo sua programação a partir de uma pequena sala na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

A radiodifusão livre se diferencia das rádios comunitárias por ocupar ilegalmente o espectro eletromagnético, enquanto as outras necessitam ser institucionalizadas e seguir as regras ditadas pela Lei nº 9612, de 1998, que institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária. A lei estabelece a necessidade de que as rádios comunitárias apresentem um estatuto, eleição de diretores e declaração assinada por cada um deles.

Existe um motivo político para não se institucionalizar. Para os responsáveis pela rádio Várzea, ocupar o que chamam de “latifúndio eletromagnético” é uma forma de protestar contra a concentração da mídia. “A rádio livre é uma ferramenta de luta social”, diz um dos alunos que participa da emissora. “O principal é quebrar o modelo ‘transmissor/receptor’, tornar todos mais envolvidos, fazer com que todo mundo possa se comunicar livremente”, conclui.

Silvio Mieli, professor de jornalismo da PUC-SP, concorda que as rádios livres são uma frente de luta que deve existir e, às vezes, esta é a única opção que resta. “A impressão é que gastamos muita energia com o movimento pela ocupação do espectro eletromagnético, mas quantitativamente não conseguimos muito”, diz ele. “Às vezes a ocupação do jeito que é acaba sendo mais rica só por criar uma interação com a realidade à sua volta.”

Produção e repressão

Desde sua criação, há 10 anos, a história da rádio Várzea se confunde com as diversas mobilizações estudantis e os avanços repressivos. Em 2007, suas transmissões foram feitas dentro do prédio da reitoria da USP, ocupado por estudantes em greve. Em 2006, a rádio Várzea invadiu a frequência da rádio Bandeirantes para a leitura de um manifesto em defesa das rádios livres e contra a concentração dos meios de comunicação. O ato resultou em uma denúncia, a Polícia Federal foi chamada à FFLCH e o transmissor da rádio foi confiscado.

No entanto, os participantes da rádio entrevistados pelo Observatório são unânimes em concordar que o pior golpe aconteceu em 2011. Durante a greve estudantil contra a presença da Polícia Militar no campus, a TV Band fez uma matéria sobre a mobilização dos estudantes e relembrou o caso de 2006, quando houve a invasão da frequência da rádio do grupo. Logo depois, a antena da Várzea foi retirada pela diretoria da FFLCH. Hoje, a antena só pode estar instalada dentro de uma sala, restringindo a transmissão da rádio. Os alunos já tentaram utilizar a transmissão online, mas também enfrentaram dificuldades com a rede de internet da USP.

Apesar disso, os alunos participantes da rádio continuam oferecendo oficinas de radiodifusão para movimentos sociais, como o MST. “É mais interessante multiplicar as rádios livres do que aumentar o alcance do nosso sinal”, diz um dos alunos. “O importante é que as pessoas aprendam a técnica.”

***

[Rodrigo Neves é estudante de Jornalismo da ECA-USP]

Publicado emhttp://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed724_a_critica_a_legalidade


Reforma agrária no ar — Reportagem do Jornal Brasil de Fato

Para Silvio Mieli, jornalista e professor da faculdade de Comunicação e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), a concentração de poder nos meios de comunicação é um espelho da concentração fundiária. “Os primeiros grilaram terras públicas ou compraram terras de grileiros. Os últimos se apossaram do espectro eletromagnético por favorecimentos políticos e pelo poder econômico, ou ambos os casos”.

 23/10/2012

Eduardo Sales de Lima

da Redação

A opinião do jornalista soma-se às recentes manifestações pela democratização na comunicação no Brasil, como a que ocorreu no dia 15 de outubro, em frente ao hotel Renassaince, onde estava ocorrendo um encontro da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). Na ocasião, representantes do Coletivo Intervozes e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), entre outras organizações, levantaram cartazes denunciando abusos praticados por emissoras de rádio e televisão, jornais e revistas.

Aliás, uma das conclusões do recente estudo do pesquisador Tiago Cubas, do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera/Unesp), “São Paulo Agrário: representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009”, vai justamente nessa direção. A de que a mídia corporativa totaliza a visão das relações capitalistas no campo; daí estereotipa e não aceita sujeitos e modos de produção alternativos.

Na entrevista a seguir, Silvio Mieli analisa a atual conjuntura de luta pela democratização da comunicação no Brasil.

Brasil de Fato – Há tempos existe a violência física cometida pelo poder público ou privado sobre os sem-terras, por meio de policiais e seguranças. A cobertura mídia tradicional aborda tais ocorrências de forma tendenciosa. Por que a violência contra o pobre é tão naturalizada e até ignorada pela mídia corporativa até hoje?

Silvio Mieli – Em primeiro lugar é preciso lembrar que a mídia é ultraconservadora. O conservador acha natural que 1 bilhão de pessoas passem fome no mundo. Também passa a ser natural — e típico dos conservadores — que se use de violência contra aqueles que querem sair dessa situação. Como diz o filósofo Giorgio Agamben, a mídia gosta de pessoas indignadas, porém passivas. Os grandes jornais não terão nenhum prurido em mostrar crianças famintas num lixão qualquer da vida, mas reprovarão veementemente qualquer ação direta para corrigir essa injustiça. Ora, o mesmo modelo de concentração fundiária se espelhou para os meios de comunicação no Brasil. Os primeiros grilaram terras públicas ou compraram terras de grileiros. Os últimos se apossaram do espectro eletromagnético por favorecimentos políticos e pelo poder econômico, ou ambos os casos. É por essas e outras que o sistema é capaz de tudo quando se trata de discutir a propriedade da terra ou de um meio de comunicação. Não por acaso o slogan da democratização dos meios de comunicação nos anos 1980 era: Reforma Agrária no Ar. Na terra como na mídia estamos lidando com os mesmos problemas: a questão da propriedade, o seu uso social e quais modelos de desenvolvimento devem ser colocados em prática.

Em termos práticos, que tipo de relação existe entre os jornais locais (e os nacionais) e o agronegócio para tratar os camponeses pobres sempre de forma criminosa?

Todas as famílias que monopolizam os meios de comunicação no Brasil são (direta ou indiretamente) grandes proprietários de terra. A família Saad (grupo Bandeirantes), que recentemente também entrou no ramo da mídia impressa, é de grandes pecuaristas, Octávio Frias (pai) era um dos maiores granjeiros do país.Portanto, além do servilismo ao poder, existem interesses diretos no setor. Muitos políticos, mesmo os que se acham muito poderosos, viraram office-boys das grandes corporações. Quanto aos grandes veículos de comunicação, transformaram-se em promoters de eventos dessas grandes empresas.

Após a chamada “redemocratização” (pós-ditadura), qual tem sido o peso das mídias (locais e nacionais) no processo de naturalização da violência aos pobres e sem-terras e no entrave à reforma agrária?

Costumo dizer que a mídia não é o 4o. poder, mas o 5o elemento. Temos a água, terra, fogo, ar e… os meios de comunicação. Vivemos imersos neles. Daí a importância da qualidade do que se produz nesse meio. Mas no nosso caso brasileiro, será que podemos falar realmente de “redemocratizacão” se, dentre tantos problemas herdados da ditadura, o acesso aos meios é tão limitado ? Eis uma outra dimensão da vida nacional que vive num estado de exceção permanente. A ditadura configurou um modelo comunicacional que, mesmo findo o regime militar, continua de pé. É só pesquisar o papel da mídia corporativa nos últimos grandes embates relativos às questões ambientais e agrárias para verificar como se comportam (Raposa Serra do Sol, MP 458, Código Florestal, Belo Monte…).

O que um governo progressista ou a própria sociedade maios esclarecida poderiam fazer para pressionar esses veículos por uma comunicação mais equilibrada?

Vejamos o exemplo da pentecostalização da mídia no Brasil. Considero a invasão dos meios de comunicação por corporações que se autodenominam igrejas um dos maiores problemas contemporâneos na comunicação de massa no Brasil. Já convivíamos com uma série de outros problemas, agora temos mais essa. O que o Estado fez? Ampliou o espaço e o poder desses grupos, inclusive através de alianças político-partidárias. Entregou redes de televisão para grupos que não representam nenhuma força cultural local, agridem as tradições religiosas de matrizes africanas e fazem proselitismo do capitalismo como religião.É claro que é preciso lutar pelo controle social da mídia, mas acho que o caminho não é o de reformar o que está aí, nem de cortar as propagandas estatais. A mesma tática do MST deve ser usada na luta pela democratização da comunicação: a ocupação do espectro improdutivo (seja no âmbito social, cultural ou pedagógico, que inclusive tem respaldo constitucional). Não me refiro a ocupar os estúdios da Globo, mas, para além do espaço que o movimento social vem conquistando na internet, lutar por canais de comunicação para os movimentos. Por que não uma MSTV, uma TV do MST? Chegou a hora de os movimentos sociais falarem ao povo diretamente, sem intermediários e não só pela internet, mas também através das ondas eletromagnéticas, ou do que restou delas.

***

[Publicado no site do Jornal Brasil de Fatohttp://www.brasildefato.com.br/node/10978]


10 anos da Semana de Resistência Osama Bin Reggae

Salve irmãos e irmãs

É com muita luta e muita garra que chegamos a essa importante data, não por serem 10 anos somente, mas por serem 10 anos de resistência, de ocupação, de existência, de militância.

Ocupar um espaço público tem sido cada vez mais difícil e escasso, fazer dessa ocupação uma experiência autogestionária e combativa tem se tornado prática quase inexistente (infelizmente!!!), o Osama não é, nunca foi e nunca será uma semana reativa, nãos esperamos ser atacados para nos mexer, estamos há 10 anos ocupando, passando por cima da repressão, não nos curvando a proibições e comunicados infames de uma adminstração universitária que acredita na truculência, na troca de favores, ou na isenção de posicionamentos (no caso da adm fefelenta maio de 68).

Não!

Resistimos Ocupando e Ocupamos Resistindo!

Graças a JAH o Osama Bin Reggae foi além da Rádio Várzea, hoje fazemos acontecer com a ajuda das bandas, de amigos e amigas que se conhecem no processo de construção que também é um processo de formação politica, de autogestão, de confraternização!

Sim, confraternizamos, celebramos!

Celebramos a todos os momentos nossa existência autogestionada (de Osama e Rádio Várzea), porque militância carrancuda só leva a desilusão e  ao não movimento. Resistimos com o sorriso em nossas faces e sangue em nossas veias,  e queremos compartilhar com a família Osama Bin Reggae mais uma Semana de Resistência.

Se não queimamos toda Babilônia, nesses 10 anos pelos menos alguns pilares  dela temos destruído.

Esperamos nos encontrar durante essa semana!

Saudações Livres.

10 ANOS SEMANA DE RESISTÊNCIA OSAMA BIN REGGAE

Programação da semana:

Importante: Todas atividades no Espaço Aquário -> Prédio Geo/Hist, FFLCH USP

10.set – Grupo Teatro do Oprimido (as 17:00), na sequencia, debate: Terrorismo é o Estado.
11.set – Oficinas (18:00hrs): 
Bandeirão, Stencil, Zine, Rádio Livre e Permacultura (Traga sua semente)
12.set – debate: Rádio
Livre de Quem?
13.set – teatro e Sarau do Osama
traga sua intervenção livre (só não pode ser discurso de partido)
14.set – FESTA – a partir das 22:30

Todos os dias com exibição de filmes no período da tarde – com Cine Iguapé

COM -> Veja Luz, Tribo do Sol, Scut  Tha Yahman, QG Imperial, The Ethiopian Highlandahs e a reunião de soundsystems BlackStarYnit

INFORMAÇÕES IMPORTANTES PARA A FESTA: NÃO ACEITAREMOS NOTAS DE R$50 e R$100 NA FESTA, NÃO INSISTAM! 
CHEGADA NA USP: Busão no Metro Butantã: Circular USP – 8012 ou 8022 (descer no ponto da fflch)
Entrada na USP depois das 20:00hr de carro somente com carteirinha da USP!
Dica: Na usp não vende cigarro!

Saudações Livres

Divulguem, Colem, Ocupem!

divulgue por aí!

 

divulguem por aí!

 


Quinta e BREJA, 30 de agosto, PRÉ-OSAMA BIN REGGAE!

Como muitos já sabem, entre os dias 10 à 14 de setembro, iremos realizar a X Semana de Resistência Osama Bin Reggae — Ocupando e Resistindo!

Rádio Várzea Livre, várias bandas, coletivos e pessoas interessadas estão construindo — de forma coletiva, horizontal e autogestionária, os princípios do Coletivo Osama Bin — a programação da Semana de Resistência por meio de reuniões semanais, abertas à participação de todos os que se interessam e têm acordo com os princípios indicados anteriormente.

Na quinta-feira agora, dia 30 de agosto, irá rolar o Pré-Osama Bin Reggae! (clique no flyer à sua esquerda para conferir!), com as seguintes bandas: FORÇA DA PAZ, ETHIOPIAN HIGHLANDAHS e FAMÍLIA THEOCRATAS. Também vai marcar presença o sound system: SELECTOR GANJERS.

Local: na USP — no CANIL da ECA (Escola de Comunicação e Artes), onde rola a PRAINHA QUINTA & BREJA, a partir das 20 horas.

AVISO IMPORTANTE! — Entrada depois das 20:00 somente com carteirinha da USP (de carro). Ônibus: Circulares que saem da estação de metrô Butantã, e aí você pede para descer na FFLCH!

Maiores informações sobre a programação da X Semana de Resistência Osama Bin Reggae — Ocupando e Resistindo! — os debates e oficinas que irão acontecer e as bandas que irão tocar — estarão em breve disponíveis aqui no blog.

Salve! Sonoridades livres e na luta!


Vídeo-Chamado da X Semana de Resistência Osama Bin Reggae

Depois de um tempo sem publicar aqui no blog, estamos de volta! E, pessoal, essa retomada vem com tudo — e, ainda por cima, com uma causa nobre. Nesse ano, como vocês irão conferir entre os dias 10 à 14 de setembro, iremos realizar a X Semana de Resistência Osama Bin Reggae — Ocupando e Resistindo!

[accessibleyoutube id=”GoyGKonZV3w” width=480 height=320]

A Rádio Várzea Livre, várias bandas, coletivos e pessoas interessadas estão construindo — de forma coletiva, horizontal e autogestionária, os princípios do Coletivo Osama Bin — a programação da Semana de Resistência por meio de reuniões semanais, abertas à participação de todos os que se interessam e têm acordo com os princípios indicados anteriormente.

Maiores informações sobre a programação da Semana — os debates e oficinas que irão acontecer e as bandas que irão tocar — estarão disponíveis aqui no blog. Deixemos vocês agora com o vídeo-chamado da X Semana de Resistência Osama Bin Reggae — Ocupando e Resistindo!

Salve! Sonoridades livres e na luta!


Radio Victoria, comprometida com as lutas, conquistas, tristezas e alegrias em El Salvador

Republicamos, aqui no site da Rádio Várzea Livre, uma interessante e excelente tradução realizada pelo Coletivo  Passa Palavra. Vale, e muito, a pena conhecer essa importante experiência de luta e organização.

Fica, então, essa dica de leitura!

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http://passapalavra.info/?p=61603

Radio Victoria, comprometida com as lutas, conquistas, tristezas e alegrias em El Salvador

Criada em 1993, a Radio Victoria é um projeto de comunicação para a ação, denúncia e, sobretudo, para a promoção de uma participação social e crítica.  Por Yeny Romero

San Salvador, El Salvador. A Radio Victoria nascia a 15 de Julho de 1993, parte de um processo de democratização que se desenvolvia em San Salvador após a assinatura dos Acordos de Paz de 1992. Este nascimento foi acompanhado pela Associação de Desenvolvimento Económico e Social (ADES), tendo contado com o apoio de Cristina Star, uma jornalista e cineasta norte-americana que, nos anos 80, cobriu o conflito armado salvadorenho.

A rádio iniciou as suas transmissões em Santa Marta, no oeste do país, comunidade emblemática pela sua experiência ao longo da guerra civil e, na atualidade, pela sua constante luta. Teria sido fundada por três jovens da comunidade, dedicados ao estudo e à ajuda familiar nas suas atividades produtivas. Para além do trabalho no campo, para poderem se alimentar, trabalhavam em prol da democratização da palavra, algo que, naqueles anos, constituía uma tarefa urgente.

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Rádio Alice Através do Espelho (1ª parte)

Publicamos a primeira parte de um artigo interessante (e, em muitos pontos, polêmico) que relata a importante experiência de luta e organização da Rádio Alice (Bolonha, Itália, anos 1970). O responsável por esse escrito é o Mauro Sá Rego Costa, professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e ativista da Rádio Kaxinawá.  Essa é a primeira parte deste artigo, que publicaremos aos poucos nos próximos dias e semanas. Podemos não concordar com tudo o que dito pelo autor, mas vale como momento de reflexão coletiva.

Relembrando o que já havíamos escrito aqui em outra ocasião, a partir dos anos de 1970, período de forte movimentação política e social autônoma, inúmeros coletivos começam a desenvolver atividades que questionavam o modelo atual de comunicação que a grande imprensa ofertava. Grande parte das reportagens produzidas pelos grandes jornais e Tvs tinham como intenção clara apenas criminalizar e deslegitimar os movimentos sociais e pessoas que estavam combatendo de forma autônoma, desde o final dos anos 1960, o capitalismo em várias cidades europeias. As rádios livres (tendo com precursora, justamente, a Rádio Alice) participam desse turbilhão de debates e ações coletivas – e é justamente isso que retrata o texto a seguir.

E, por fim e também retomando uma ideia que perpassa todas as nossas atividades, nunca é demais lembrar de que uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo – como são as rádios livres – passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, mais um passo dessa importante tarefa coletiva.

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Rádio Alice Através do Espelho

Gilles Deleuze. Política e Poética Estóicas na Teoria do Rádio. [1]

Mauro Sá Rego Costa [2]

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ –

Rádio Alice transmite: musica, noticias, jardins floridos, conversa fiada,  invenções, receitas, horóscopos, filtros mágicos, amores, boletins de guerra, fotografias, mensagens, massagens, mentiras… (uma chamada da Rádio Alice)

Rádio Alice é uma experiência paradigmática de comunicação no contexto de um  modelo sócio-existencial-político-econômico que se materializava como projeto  nos anos 70 na Itália. Bologna em 74-77, tempo de gestação e vida de Alice, pode ser comparada à Paris de 68: um imenso laboratório ético-político construindo as bases para um mundo que virá. Sua gestação foi também movida pela publicação do primeiro dos grandes tratados políticos desse mundo que virá: Lógica do Sentido [3], de Gilles Deleuze, um livro sobre Alice.

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O que fica da nossa retomada das atividades de formação da Rádio Várzea…

… dentre tantas questões que foram, de forma rica e divertida, lidas e discutidas por nós (e que seria impossível, ainda bem!, aqui reproduzir):

“A legislação brasileira para comunicação está firmada num processo de concessão que só beneficia políticos e empresários, não garantindo meios democráticos para disseminação de uma informação livre de interesses, e muito menos para o exercício da nossa liberdade de expressão.

Então, aqui vai nosso recado: confisquem nossa antena, e duas outras surgirão. Destruam um transmissor, faremos dois! O Movimento de Ocupação do Latifúndio Eletromagnético não cessará enquanto o ar não for livre! O ar é de todos e precisa deixar de ser ferramenta de dominação das grandes corporações midiáticas que o Estado insiste em defender.” Manifesto da Rádio Várzea Livre: QUEM COMUNICA SE ESTRUMBICA!

“O ponto principal da contenda [entre as rádios livres e comunitárias] reside no fato de que os radioativistas não querem uma concessão nesses termos legais, sua demanda não é pontual, ao contrário, questionam leis absurdamente restritas às pequenas rádios e outras tantas obscuras negociadas diretamente com as grandes corporações, as quais quase a totalidade da população desconhece. O movimento de rádios livres é antes uma forma de manifestação anti-sistêmica.

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Atividade Coletiva de Formação Política — a história das Rádios Livres e da Várzea

Nossa Atividade de Formação da Rádio Várzea Livre — a primeira das três que programamos para junho, julho e agosto — será nesta quinta-feira, dia 28 de junho, às 18 e 30, em nossa salinha de rádio.

Nessa oportunidade, iremos ler e conversar um pouco sobre a história das Rádios Livres no Brasil, e da Rádio Várzea em particular. Para tanto, selecionamos alguns textos curtos e importantes para a história do movimento de rádios livres — que, assim pretendemos, nos auxiliarão no debate que iremos promover.

Dentre os textos escolhidos, podemos destacar (para acessá-los é só clicar no nome do próprio texto, assinalado em laranja!):

Por que calar as Rádios Livres? — esse artigo realiza, a partir de uma denúncia da repressão ocorrida pela Rádio Muda naquela ocasião, uma reflexão coletiva e crítica sobre o papel das rádios livres como experiências de luta coletiva e autogestionária. Ele cumpre, assim, o papel de pontapé inicial para a discussão acerca da história e importância das rádios livres no Brasil.

Já os textos (todos eles bem curtos, de rápida leitura) que falam um pouco de nossa história e ideias já construídas são:

Rádio Várzea: novas ondas, novas idéias — um manifesto escrito pelas pessoas que faziam a Rádio Várzea Livre acontecer em 2004.

Manifesto da Rádio Várzea Livre: QUEM COMUNICA SE ESTRUMBICA! —  um manifesto redigido em 2001 pelas pessoas que hoje fazem parte da Rádio Várzea Livre.

Fica combinado, então, que esses três primeiros textos são fundamentais para a leitura de todos nós que iremos participar dessa atividade (claro que se você não conseguir ler antes, tudo bem — é só aparecer e participar igual!).

Como complemento desse contexto, o nosso histórico de repressão estatal e empresarial também é parte importante, infelizmente, de nossa trajetória de luta, re-existência e criação. Por esse motivo, nunca é demais resgatarmos esses momentos marcantes em que, ao invés de desistir, resolvemos lutar e continuar a nossa caminhada:

Polícia Federal apreende equipamentos da Rádio Livre Várzea do Rio Pinheiros;

[RADIO LIVRE] POLÍCIA FEDERAL ROUBA EQUIPAMENTOS DA RÁDIO VÁRZEA;

e

Rádio Várzea é atacada pelo Grupo Bandeirantes!

A dinâmica proposta para essa atividade ultrapassa, em muito, a ideia de apenas lermos os textos aqui indicados. Na verdade, queremos muito mais é aproveitar esse momento de encontro e compartilhamento para conversarmos coletivamente. A história da Rádio Várzea Livre foi e é escrita todos os dias por todos nós — e, por esse motivo, todos têm muito a dizer e participar.

Como leitura complementar — textos que não necessariamente serão lidos nessa atividade que iremos promover, mas que são importantes para a nossa formação coletiva de rádios livres —, indicamos: Rádios Livres Brasil — Breve História (1ª parte);  Rádios Livres Brasil — Breve História (2ª parte); e o livro Rádios Livres: a reforma agrária no ar.

Como sempre, estão todos convidados a comparecer e participar. É só chegar.

Saudações Radiofônicas livres!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do Rio Pinheiros — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!


Rádios Livres Brasil — Breve História (2ª parte)

A Rádio Várzea acredita que história é luta e que um dos nossos papéis é, justamente, escrevermos a própria narrativa de nossa complexa, difícil e feliz trajetória coletiva de criação, experimentação e militância. Eis, então, uma breve visão histórica, escrita por Rodney Brocanelli,  sobre a atuação das rádios livres no Brasil. Essa é a segunda parte deste artigo. A primeira parte aqui está.

Nunca é demais lembrar que, como já dissemos aqui sobre a história das rádios livres europeias, uma das melhores formas de continuarmos a renovação, crítica e superadora, de um movimento autônomo passa pelo conhecimento de sua história de luta e debates. Eis aí, portanto, uma parte dessa tarefa coletiva.

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As emissoras que foram sendo colocadas no ar depois de março de 1994 apresentavam um perfil diferente das que vieram antes. A saber: rádios com projetos comerciais e rádios ligadas a grupos religiosos.

Curioso notar que a Reversão, uma emissora anarquista foi quem possibilitou a proliferação de rádios com fins lucrativos. As rádios com caráter comercial surgiram a reboque da absolvição de Léo Tomaz. Não possuem base ideológica. A filosofia dessas novas emissoras é ganhar dinheiro.

Vendem anúncios aos comerciantes do bairro e horário de programação. Um programa de duas horas pode chegar a custar ao bolso do apresentador de R$ 200,00 a R$ 400,00.

A programação musical não difere muito das rádios FMs comerciais.

Dentro do movimento de rádios livres, as rádios que possuem uma filosofia comercial não são bem-vistas. Porém, existe uma resposta na ponta da língua aos que criticam essa prática:

“Tem anúncios sim, senão, como é que eu vou viver, como vou comer?”, é o que disse Valmir Ribeiro Torres, dono da Rádio Nova Geração em entrevista a jornalista Marisa Meliani.

Para algumas pessoas que militam há mais tempo no movimento, emissoras como a de Valmir colaboram para que exista um preconceito vindo por parte dos formadores de opinião. Além disso, a venda de horários e espaço comercial é munição certa para os inimigos das rádios livres, leia-se rádios oficiais. Nenhuma dessas emissoras com caráter comercial está devidamente registrada. Não pagam impostos e enc argos trabalhistas. Aliás, nem é necessário muito esforço para não pagar as obrigações trabalhistas. Os funcionários recrutados pelos “comerciais” são em geral gente desempregada, jovens locutores que saem de cursos de locução de fundo de quintal e veteranos locutores que já não tem mais espaço no rádio.

Outro tipo de rádio livre que proliferou no dial foram as de cunho religioso. A intenção é clara: difundir a “palavra de Deus”. são mantidas com apoio do comércio das regiões em que operam (leia-se comerciais).

Diferentemente das rádios de filosofia comercial, quando uma emissora evangélica vende anúncios o objetivo é investir em equipamentos de transmissão e melhora na propagação do sinal. O programa típico de uma rádio religiosa é o que mistura a pregação de um pastor no estúdio e hinos religiosos.

Alguns cultos são transmitidos diretamente dos templos. Uma das rádios que mais se destacou nesse setor foi a Free FM, situada no bairro da Vila Nova Cachoeirinha. Sua programação abre espaço para igrejas de variadas tendências como a Presbiteriana, a Batista, e a Assembléia de Deus e Deus é Amor.

Na Free é proibido vender anúncios e até pedir doações. Outro mantenedor de rádio evangélica é contundente nas críticas: “O negócio do Edir (Macedo) é ganhar dinheiro. A rádio livre não está preocupada com isso”, diz Paulo de Oliveira, que montou a Rádio Central FM.

As rádios evangélicas despertam dentro do movimento de rádios livres sentimentos diferentes. Alguns, claramente agnósticos, são contrários ao uso do rádio para pregar mensagens religiosas. Outros são mais tolerantes. Mas não se pode esquecer que se a luta das rádios livres é pela democracia na comunicação, todos devem ter acesso ao meio, independente de credo.

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Rádios Livres: a reforma agrária no ar [Completo!]

Disponibilizamos, aqui em nosso site da Várzea, a edição completa do livro “Rádio Livres: a reforma agrária no ar” [para acessar o livro é só clicar na imagem aí ao lado, ou então aqui!].

Publicado, pela primeira vez, em 1986, esse trabalho coletivo é um dos primeiros registros históricos de fôlego do “jovem” movimento de rádios livres brasileiro — que começava a engatinhar e ganhar força nas décadas de 1970 e 1980.

O livro conta um pouco dessa história inicial do movimento de rádios livres aqui no Brasil, além de relatar também a importante experiência de luta e organização das rádios livres na Europa e América Latina.

Vale chamar atenção, ainda, para algumas preciosidades que podem ser deliciadas por todos que tiveram a oportunidade de realizar essa leitura: vocês poderão conferir a transcrição de sensacionais transmissões da Rádio Alice (da Itália) e da Rádio Xilik! (de São Paulo), além de terem acesso à vários manifestos e panfletos produzidos de forma autogestionária por inúmeras rádios livres que pipocavam pelo país naquele momento.

Para fechar com chave de ouro essa nossa apresentação, cabe dizer que o livro conta ainda com um sensacional prefácio sobre o movimento de rádios livres brasileiras do filósofo (e rádiolivrista!) Felix Guattari — que, durante a década de 1970, foi um dos principais apoiadores ativos da Rádio Alice. Nesse mesmo período, Guattari também participou de uma experiência interessantíssima nas periferias francesas, montando a Rádio Tomate (nome em homenagem aos italianos da Alice), uma rádio livre autogestionária que dava voz aos imigrantes africanos em Paris. Ou seja, imperdível esse livro!


Neobandeirantes [Rádio Várzea no Brasil de Fato]

Naquele período em que a Rádio Várzea Livre foi mais intensamente atacada pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação, a notícia rapidamente se espalhou e muita gente divulgou nossa denúncia e chamado de resistência e solidariedade.

Mas, vejam só como o mundo dá voltas, ficamos sabendo recentemente de uma excelente notícia. Silvio Mieli — jornalista e professor da Faculdade de Comunicação e Filosofia da Pontifícia Universidade Católica (PUC – SP) — publicou na edição 455 do jornal Brasil de Fato (final de Novembro de 2011). um baita artigo importante reverberando a nossa denúncia e fazendo um paralelo bem legal com a ideia do que o bandeirante representou na história do Brasil.

Cabe destacar o seguinte trecho: “Além disso, se entrarmos no quesito da cobertura midiática, durante o processo de desinformação que antecedeu a desocupação da reitoria da USP, sobrou até para a Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros (107,1 FM), importante projeto que funciona no prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Depois de demonizarem alunos e funcionários envolvidos com os protestos em geral, a Rádio Bandeirantes exigiu o fechamento imediato da rádio livre que funciona a partir da USP“.

Vale a pena ler esse curto artigo — que espalhou, mesmo sem a gente nem saber, a sintonia e vibração da Várzea Livre por diversos acampamentos, assentamentos, ocupações e pra muita gente que também está na luta aí pelo Brasil. E, claro, agradecemos ao Silvio pelo artigo e solidariedade que ele demonstrou em relação à nossa iniciativa e luta autogestionária.

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Neobandeirantes

 A atuação da PM na USP e as discussões posteriores à tomada da reitoria lembram as ações dos nossos ancestrais, os bandeirantes

24/11/2011

Silvio Mieli

Não nos livramos facilmente dos arquétipos históricos. A atuação da PM na USP e as discussões posteriores à tomada da reitoria lembram as ações dos nossos ancestrais, os bandeirantes.

O bandeirismo, fenômeno tipicamente paulista – patrocinado por senhores de engenho, donos de minas e comerciantes – está impregnado no corpo e na alma paulistana. A “elite” daqui se orgulha de ser herdeira dessa “brava gente”. A pegada bandeirante pode ser reconhecida na forma agressiva como o paulista ocupou o seu território; na avidez como explorou os seus recursos naturais; na arrogância expansionista (a “locomotiva do país”); no modo desumano e preconceituoso como sempre tratou aqueles que construíram a sua riqueza (chamados pejorativamente de “nortistas”).

No fundo, alguns dos principais problemas da USP (autonomia, gestão, segurança, administração do espaço público) compõem o microcosmo das mazelas do próprio estado de São Paulo. Só que a comunidade paulista, ao invés de aproveitar a oportunidade oferecida pela crise uspiana e ampliar o debate em torno da falta de democracia interna (que leva setores da universidade a radicalizarem a sua postura); na gestão incompetente de uma instituição pública; na restrição do acesso ao campus nos finais de semana, reduziu a riqueza do debate à intervenção da PM, incapaz de lidar com as particularidades de uma universidade. Além disso, se entrarmos no quesito da cobertura midiática, durante o processo de desinformação que antecedeu a desocupação da reitoria da USP, sobrou até para a Rádio Várzea Livre do Rio Pinheiros (107,1 FM), importante projeto que funciona no prédio da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Depois de demonizarem alunos e funcionários envolvidos com os protestos em geral, a Rádio Bandeirantes exigiu o fechamento imediato da rádio livre que funciona a partir da USP.

Há muito tempo, a Bandeirantes, fazendo jus ao nome, parte para o ataque na caça aos movimentos sociais, estejam onde estiverem. Através de reportagens especiais, editoriais virulentos e vinhetas alarmantes ao longo da programação, boicotam diuturnamente qualquer iniciativa que coloque em risco o modelo neobandeirante como, por exemplo, a campanha contra a demarcação da Raposa Serra do Sol e o apoio irrestrito às mudanças no Código Florestal. Também repetem o mantra que “rádio pirata” derruba avião, boicotam qualquer tentativa de desarmamento e decretam que o MST não é um movimento social.

O sonho dourado da elite paulistana, que se considera moderna e cosmopolita, seria assistir à entrada triunfal de Domingos Jorge Velho, Antônio Raposo Tavares, Fernão Dias Pais, Manuel Borba Gato, espingardas em empunho, pela várzea do Rio Pinheiros ou então pela Avenida Paulista. Finalmente “colocariam a casa em ordem”.

Silvio Mieli é jornalista e professor universitário.


Como fazer um fanzine?

Publicamos, logo abaixo, um vídeo bem interessante e criativo  — que tem, como principal intenção, ensinar a produzir um fanzine de forma simples e didática. Nós, aqui da Rádio Várzea Livre, já utilizamos algumas vezes essa forma autogestionária (faça você mesmo  — façamos todos, coletivamente!) de linguagem e comunicação para a divulgação de nosso coletivo e atividades que tocamos por aí.

Em breve (quem sabe e se tudo der certo…), nós iremos digitalizar os nossos zines antigos da Várzea — além de começar a pensar na elaboração e distribuição de novos materiais (zines) em nossas atividades e oficinas.

O vídeo está em espanhol  — mas, como vocês poderão conferir, a nossa língua irmã não atrapalha em nada a mensagem que está sendo passada. Esse vídeo foi elaborado pelo pessoal do Jerseys para los Monos — um pequeno coletivo das Astúrias e Madri (Espanha), que distribui diversos zines de forma independente. Cabe chamar atenção ainda, e pra fechar, para a interessantíssima cena atual de zines da América Latina. Sendo um pouco injusto com a riqueza de tantos trampos por aí, fica aqui apenas um único exemplo (de um projeto bem legal, lá do Equador): a Fanzinoteka.

É isso, confiram aí o vídeo!

Saudações Radiofônicas livres!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do Rio Pinheiros — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!


Antônio Carlos Magalhães, então Ministro das Comunicações…

… instituiu, no dia 15 de agosto de 1985, a Portaria nº 223 — que, dentre outras atribuições, determinava (os grifos são nossos):

Considerando, ainda, a crescente ocorrência de fatos e episódios caracterizados como abuso no exercício da liberdade de radiodifusão, bem como procedimentos recentes, infringentes à legislações de telecomunicações, resolve:

I — Determinar ao Departamento Nacional de Telecomunicações — DENTEL redobrada vigilância quanto ao conteúdo da programação de radiodifusão e rigorosa aplicação das disposições da legislação em vigor, relativa ao abuso de liberdade no exercício da radiodifusão e ao desvirtuamento de suas finalidades, especialmente quanto:

a) ofensa à moral familiar e pública e o incitamento à prática do crime ou violência;

b) a prática de calúnia, injúria ou difamação;

c) ao incitamento à desobediência às leis ou decisões judiciais;

d) a colaboração na prática da rebeldia, desordem ou manifestações proibidas.

II — Determinar, também, ao Departamento Nacional de Telecomunicações — DENTEL intensa vigilância e absoluto rigor no combate a serviços de telecomunicações clandestinos, especialmente os de radiodifusão, adotando medidas legais que impeçam a sua continuidade.

(a) Antônio Carlos Magalhães

Em plena e recente vigência da assim chamada “Nova República”, o Ministério das Comunicações — sob a batuta de Antônio Carlos Magalhães, empresário dono de inúmeras concessões de Rádios e TV´s (conquistadas durante a ditadura civil-militar) — tentava controlar e criminalizar o surgimento e expansão das inúmeras rádios livres e televisões livres naquele momento.

Nós, aqui da Rádio Várzea Livre, não cansamos de repetir — em alto som, às vezes ch(x)iado e pelas ondas livres (libertadas!): Quem controla o passado, controla o futuro (George Orwell, no livro 1984).

Porque aqui é assim: na Rádio Várzea a gente sabe quem trama e quem tá com a gente…

Saudações Radiofônicas livres!

RÁDIO VÁRZEA LIVRE do Rio Pinheiros — SINTONIZE E PARTICIPE!   107, 1 FM LIVRE!


Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Salve povo,

É com grande satisfação que o Coletivo Osama Bin, festejando — no sentido original da palavra — 10 anos de existência, traz uma nova Semana de Resistência, aliada a uma nova festa e uma forma de expressão importante pras quebradas do Brasil. Sim, resolvemos fazer como uma das atividades comemorativas e de levante de nossa voz, o OSAMA BIN RAP!

Seguimos na mesma pegada do já resistente Osama Bin Reggae — que há quase dez anos vem ocupando de forma popular o espaço cada vez mais restrito da Universidade de São Paulo.

Faremos uma semana de debates pesados e, por fim, sexta-feira confraternizaremos com uma grande festa para as pessoas que curtem ritmo e poesia.

É isso! Avisa a rapa que o RAP tá na USP — mais uma vez, porque na semana passou também rolou um evento na Faculdade de Educação (FE) USP. Só que dessa vez ele tá do jeito que é na quebrada: autogestionado, sem financiamento e sem parcerias com instituições privadas.

Em breve, muito breve, colocaremos aqui os cartazes para uma melhor divulgação (ver aqui e aqui). Por enquanto, fiquem com a programação e divulguem. É só chegar!

Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”

Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr

  • 17/05 — “Dos barracos de madeirite, aos palácios de platina” — especulação imobiliária. Com: Coletivo Perifatividade, Pinheirinho, Favela do Moinho, Jean Pires (geógrafo);
  • 18/05 — Festa Osama Bin Rap — “O show deve continuar”. Grupos: Clube do Berro, Familia Gold Black, Odisseia das Flores, Xemalami, JPA Epicentro, Familia Che Rappers e ARTERIMA. A partir das 22:30 Prédio da Geografia e História – USP

Vale lembrar que, durante toda a Semana e no mesmo prédio onde ocorrerão as atividades de debates e festa, irão rolar algumas apresentações de filmes na parte tarde, selecionados pelo Coletivo Cine Aguapé.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal para os guerreiros e as guerreiras da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar a rapa que ta precisando.

Entrada depois das 20:00 somente com carteirinha da USP (de carro). Ônibus: Circulares que saem da estação de metrô Butantã, e aí você pede para descer na FFLCH!

Pra facilitar nossa vida, e para que tudo corra bem, damos um toque de que não aceitaremos nota de R$50,00 e R$100,00.


Novo cartaz da Semana de Resistência Osama Bin Rap — “Holocausto Urbano”


“O RAP é compromisso”

O RAP que nasceu nos Estados Unidos, sobre forte influencia dos jamaicanos, e desde sempre foi uma musica de protesto e dos que estavam à margem dos marginais, sim porque o negro nas sociedades latino americanas, desde que conseguiu sua liberdade sempre foi marginalizado — logo fazer, ou cantar, RAP era estar à margem dos marginais.

Que ótimo pra nois!

Porque os que estão à margem de um sistema que explora e divide têm mais argumentos e ferramentas para não se alienarem, ou para perceberem que estão sendo explorados e lutarem contra isso. Sim, meu caro, se você ainda não se ligou, o RAP é uma baita ferramenta de luta e organização popular, principalmente periférica, mas que em SP teve seu pontapé no centro da cidade.

Se você acha isso contraditório, é porque não tá ligado de onde vem e pra onde vai quem faz e acontece no RAP, provindos da periferia, ocupam qualquer espaço para resistir, para existir.

Assim, nessa pegada, o RAP vem atuando na sociedade, fortalecendo e mandando vários salves pras quebradas — apesar dos  “RAP’s pra cuzão balançar o rabo” como não faz o Facção. O RAP se mostra, desse modo, como uma arma que pode derrubar um sistema e levantar um povo.

Sim acreditamos, e muitos também, que “O RAP É COMPROMISSO, NÃO É VIAJEM”. E se você também quer conversar um pouco sobre tudo que falamos aqui, venha troca uma ideia com nois sobre isso, vão chegar Drezz – Xemalami, Milton Sales, Guilherme – diretor de “Nos tempos da São Bento“, Walter Garcia e Gaspar do Z’Africa Brasil!

É nessa quarta-feira, dia 16 de maio, às 18h30min no Espaço Aquário da Historia e Geografia USP

16/05 — “Rap é compromisso” — rap e seu papel social. Com: Drezz (Xemalami), Walter Garcia (IEB-USP), Milton Sales, Guilherme (dir: Nos Tempos da São Bento) e Gaspar (Z’africa Brasil).

A Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!


“Periferia segue sangrando” — Até quando?

Em maio de 2006 a “democracia brasileira” retirou o direito de existir de mais de 500 jovens das periferias do Estado de São Paulo, em represália aos atentados do PCC.

Sem se preocupar em investigar os participantes dos atentados, a “Milícia Militar” matou e se orgulha de ter restaurado a ordem ao Estado.

Tolos! Não sabem que a repressão é o combustível dos que lutam!

Nesse período, mulheres fragilizadas, mães que acabavam de perder seus filhos para a democracia, se organizaram para lutar contra esse regime facista que usa da PM, para impor o terror e a violência aos pobres e negros.

Seria impossível falar da juventude pobre e negra, sem contarmos com a presença de alguns dos vários núcleos de resistência e existência organizados da população negra em geral. Não custa lembrar que afirmar sua identidade em meio a um país racista não é, de forma alguma, ser racista — como afirma a falta de argumento de alguns —, mas sim ter consciência da importância desse povo, que apesar de sempre ser deixado de lado na historia oficial, nos alimentou e alimenta ainda hoje de experiências de luta, de resistência, de cultura, de força, de fé e raiz.

Por tudo isso, convidamos a trocar ideia conosco o Núcleo de Consciência Negra, que entre tantas outras formas, tenta combater o extermínio da juventude pobre e negra através da educação.

Com essa mesma intenção de debate, a Semana de Resistência Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” também contará com a presença das Mães de Maio. Na caminhada e na luta desde 2006, depois de lançar o livro “DO LUTO À LUTA” e de fazer diversas outras ações, a Semana de Resistência Osama Bin Rap tem o ORGULHO de convidar todos que lutam a colarem e fortalecerem a caminhada dessas GUERREIRAS no lançamento de seu novo livro: “Mães de Maio, Mães do Cárcere“‘

Nos parece obvio que estes e todos os movimentos que lutam por um mundo onde caibam muitos mundos são indissociáveis. Por isso fica aqui nossa pergunta e a convocação geral: “periferia segue sangrando”, mães chorando até quando? Vamos falar um pouco mais disso!

14/05 — “Periferia segue sangrando” – segue o extermínio da juventude pobre e negra… Com: Mães de Maio e Núcleo de Consciência Negra. Lançamento do livro: “Mães de Maio, Mães do Cárcere” — Mães de Maio;

A Semana de Resistencia Osama Bin Rap acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!


“Antigamente quilombos, hoje periferia”: sobre o encarceramento em massa…

No dia 2 de outubro de 1992 acontecia na Zona Norte da cidade de São Paulo mais um capitulo da politica genocida e facista do governo do Estado de SP.

Na Penitenciária do Estado, mais conhecida como Carandiru, depois de uma rebelião, foram assassinados 111 detentos oficialmente, todos armados e perigosos para o bem estar da população, ameaçando as vidas das familias de bem que andam no confortavel metro de nossa cidade, ou passam pelas avenidas Cruzeiro do Sul e Zack Narch, com a fuga eminente dos mesmos.

NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

ISSO É O QUE QUEREM QUE VOCÊS ACREDITEM!

Havia muito mais que 111 detentos mortos naquela cena do crime, sim foi um genocídio, na concepção clássica do termo, ao contrario do que foi dito, os detentos não portavam armas e já haviam negociado a rendição, fora isso, a cena do crime foi totalmente modificada, os corpos remexidos e “evidencias” foram plantadas.

E assim se deu  o “Massacre do Carandiru” que há 20 anos vem sendo jogado no esquecimento e para o debaixo do tapete, ou como o governo e a sociedade burguesa querem, vem sendo escondido atras dos muros, que são altos suficientes para não ver nada que acontece do outro lado, o encarceramento é a politica de esquecer e rejeitar os que cometeram alguma falta de acordo com as leis feitas por “eles”.

Dentro de um presidio ninguém se recupera, é óbvio, cadeia não é feita pra isso, é pra esquecer, esconder, renegar, degenar seres humanos que ali entram para nunca mais saírem, pois uma grande mentira que existe é a que o preso recuperado possui lugar na sociedade, como diriam os Racionais MCs “tiram sua liberdade, familia e moral, mesmo longe do sistema carcerário, te chamarão pra sempre de ex-presidiário“.

E não para por ai, a cada ano se investe mais em repressão, agressão e encarceramento!

Pensando nisso tudo e mais um monte, a Semana de Resistencia Osama Bin Rap “Holocausto Urbano” convida todos os guerreiros e guerreiras que queiram entender e lutar contra um sistema imundo e assassino a trocar uma ideia, numa atividade livre e horizontal.

Nos aprisionavam nos quilombos, mas resistimos, lutamos e vencemos!

Nos aprisionam hoje em muros, ou nas detenções sem muros chamadas de periferia, mas resistimos e venceremos!

Juntamente com a Rede 2 de Outubro, a Rede de Comunidades Extremo Sul e Karina Biondi, no dia 15 de maio, a partir das 18:30.

15/05 — 18:30 – “Antigamente quilombos, hoje periferia” — sobre o encarceramento em massa. Com: Rede 2 de outubro, Rede Extremo Sul, Karina Biondi. 

Também será apresentado o vídeo-manifesto da Rede 2 de Outubro.

A Semana de Resistencia Osama Bin Rap acontecerá do dia 14 ao dia 18 de maio,

Os debates irão acontecer nos dias 14, 15, 16 e 17 de maio. Todos os debates acontecerão no Espaço Aquario, predio da Historia e Geografia, a partir das 18:30hr.

E, no dia 18 de maio, vai rolar uma Festa para celebrar o aprendizado e a convivência.

AVISO IMPORTANTE! — Durante todos os dias da Semana estaremos recolhendo roupas, brinquedos, alimentos e produtos de higiene pessoal destinados à comunidade da Favela do Moinho! Não é ingresso para entrar, mas é importante ajudar 

Saudações!